Fátima: Pedidos de ajuda ao Santuário registaram «aumento exponencial» – padre Carlos Cabecinhas

Reitor aborda desafios dos últimos anos, marcados pela pandemia, e aponta a prioridades do novo mandato

Foto: Santuário de Fátima

Fátima, 14 mai 2023 (Ecclesia) – O reitor do Santuário de Fátima afirmou que a instituição registou um “aumento exponencial” nos pedidos de ajuda, desde o final de 2022, por causa da crise económica que afeta o país.

“Os pedidos que tiveram um aumento significativo é o apoio social aos mais carenciados, que acontece aqui no Santuário e, portanto, atinge este tecido social de Fátima e arredores. A esse nível, é que temos visto aumentar exponencialmente os pedidos de ajuda. Há muitas famílias que não conseguem pagar rendas de casa. Há muitas famílias que não conseguem comprar os medicamentos na farmácia”, alerta o padre Carlos Cabecinhas, convidado da entrevista semanal conjunta Ecclesia/Renascença, emitida e publicada aos domingos.

O sacerdote, reitor do Santuário de Fátima desde 2011, foi reconduzido para um novo mandato de cinco anos.

O responsável mostra-se particularmente preocupado com a situação dos “idosos com pensões muito baixas”, destacando que os pedidos de ajuda ligados aos custos com a habitação também “tem sido exponencial”.

O padre Carlos Cabecinhas vê a recondução no cargo como um “voto de confiança” e admite que as limitações impostas pela pandemia de Covid-19 “foram o momento mais difícil e o momento mais doloroso” dos seus mandatos.

“Termos, por exemplo, de repente de celebrar um, 12 e13 de maio, que é a data mais significativa, com o recinto completamente vazio, sem peregrinos, foi algo que tocou o fundo, que tocou o coração, mas que por outro, nos ajudou também a sentir-nos unidos a todos aqueles que viviam o drama da pandemia, com toda a incerteza que ela trazia”, declarou.

O responsável admite que esses anos tiveram impacto financeiro, sublinhando que o Santuário de Fátima é uma instituição “sólida”, a esse nível.

“Teve de procurar diminuir drasticamente as suas despesas, uma vez que também diminuiu drasticamente a sua atividade naquele tempo. Mas isso não pôs em causa aquilo que era a estabilidade económica da instituição e que se mantém”, precisou.

O reitor considerou que a profissionalização da gestão é “uma necessidade e um imperativo”, colocando-se “ao serviço da dimensão pastoral”.

O padre Carlos Cabecinhas aponta que um dos aspetos que vai marcar o novo mandato é “a aposta na internacionalização de Fátima”.

“Em 2019 já tínhamos uma presença praticamente diária, por exemplo, de grupos de peregrinos vindos da Coreia do Sul. Este ano não estamos ainda nesse nível, mas este ano eles estão claramente a regressar”, apontou.

Foto: Agência ECCLESIA/OC

Questionado sobre o cenário de guerra, o sacerdote indicou que a dimensão da paz foi “sempre uma parte absolutamente fundamental da mensagem de Fátima”.

“Quando, na sequência do início da guerra na Ucrânia, com a invasão da Ucrânia pela Rússia, o Papa decide fazer um ato de consagração dos dois países beligerantes e unir Fátima a esse ato de consagração, obviamente houve um reconhecimento desta dimensão de Fátima como polo de paz, como mensagem de paz, como ponto de oração permanente pela paz”, acrescentou.

O padre Carlos Cabecinhas projeto o “regresso a Fátima” do Papa, em agosto, quando se deslocar a Portugal para presidir à JMJ Lisboa 2023.

“Já não é o contexto de uma grande peregrinação – o Papa quer vir como peregrino, quer vir para rezar ao santuário”, explica, apontando à presença de uma “grande multidão”.

Henrique Cunha (Renascença) e Octávio Carmo (Ecclesia)

 

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