Itinerário sinalizado este sábado proporciona «silêncio interior, contemplação e uma ligação mais profunda com Deus»
Lisboa, 30 abr 2013 (Ecclesia) – Mais de 70 voluntários divididos em 15 equipas sinalizaram este sábado o Caminho do Mar, nova rota de peregrinos entre Cascais e o Santuário de Fátima que junta ecologia, cultura e espiritualidade.
“O Caminho do Mar pretende retirar as pessoas das estradas nacionais, colocando-as em rotas pelo meio da natureza ou em vias municipais com muito pouco trânsito”, explicou Isabel Blanco Ferreira, do Centro Nacional de Cultura, à Agência ECCLESIA.
O percurso com mais de 100 km começa a poucos metros da igreja matriz de Santo António do Estoril, no paredão fronteiro ao Oceano Atlântico, prosseguindo junto ao mar até ao Guincho, onde inflete para o interior, cruzando depois as dunas e a Serra de Sintra.
O traçado atravessa “zonas históricas”, incluindo locais que são Património Mundial da Humanidade, como Sintra, Mafra, Óbidos e Alcobaça, região onde o itinerário entronca com o Caminho da Nazaré, sinalizado há dois anos.
Isabel Blanco salientou que a rota oferece “silêncio interior, oportunidade de contemplação e uma ligação mais profunda com Deus”, a par do acréscimo de segurança em relação a outros itinerários, dado que reduz a passagem por estradas abertas ao tráfego viário.
Quem percorre o trajeto pode fazer uma experiência semelhante à de um “retiro” porque o traçado possibilita “sair das rotinas” e de “todos os ruídos do quotidiano”, acrescentou.
A responsável destacou que o Caminho do Mar oferece aos peregrinos estrangeiros e de outras regiões de Portugal a oportunidade de conhecerem a cultura, as tradições e o património artístico e histórico, “além do objetivo de peregrinar por uma razão religiosa, por uma promessa ou para um encontro consigo próprio”.
Depois de mencionar os benefícios económicos para os municípios atravessados pela rota, nomeadamente através da aquisição de bens e serviços, Isabel Blanco revelou que os próximos passos do projeto consistem em colocar marcos junto de pontos de referência e pedir às autarquias que disponibilizem espaços para albergues.
Os promotores do traçado, 11 concelhos do litoral oeste e centro, Patriarcado de Lisboa e Centro Nacional de Cultura, desejam que o trajeto constitua uma alternativa às peregrinações realizadas ao santuário da Cova da Iria nos meses de maior afluência, entre maio a outubro, e geralmente acompanhadas por carros de apoio.
“O que queremos trazer para o Caminho de Fátima é o espirito existente no Caminho de Santiago de Compostela [Galiza, Espanha], utilizado todo o ano”, frisou Isabel Blanco, para quem “peregrinar também é uma forma de cultura”.
A sinalização da nova rota recorre a setas azuis, distinguindo-se das indicações a amarelo que assinalam o traçado rumo a Compostela, que também pode ser percorrido pelo Caminho do Mar.
O itinerário vai ser tornado público no ‘Google Earth’, plataforma de acesso gratuito na internet que dá acesso a mapas, imagens de satélite e edifícios, bem como nos media, redes sociais e associações de peregrinos, adiantou Isabel Blanco.
LS/RJM