Religiosa foi figura central na divulgação das aparições marianas de 1917
Lisboa 13 jan 2017 (Ecclesia) – A figura da Irmã Lúcia (1907-2005), vidente de Fátima, cujo processo de canonização entra agora numa nova fase, está no centro de várias obras lançadas nos últimos anos, da literatura infantil à música.
Em 2016, o Santuário de Fátima publicou a primeira edição crítica das memórias da Irmã Lúcia, permitindo ao leitor um encontro com os escritos originais da vidente.
“Até ao momento da vinda para Fátima desses originais, não tínhamos ideia exatamente do que eles eram. Da quinta e da sexta memória, por exemplo, a Lúcia só entregou ao santuário fotocópias”, referiu Cristina Sobral em entrevista à Agência ECCLESIA por ocasião da apresentação da obra.
Para a curadora da obra, docente e investigadora da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, entre as novidades está publicação inédita do texto de um questionário de 315 perguntas enviadas pelo Santuário de Fátima à religiosa e a divulgação da chamada “quinta memória” numa versão que “não estava publicada”, com “variantes”, a partir do manuscrito que estava no Carmelo de Santa Teresa, em Coimbra.
“Não quer dizer que sejam coisas de grande dimensão, que alterem a Mensagem de Fátima. Não vale a pena esperar isso, são pequenas coisas que podem ter imenso interesse para os estudiosos da escrita e para os estudiosos da cultura”, assinala.
Estes pormenores mostram o universo mais íntimo da vidente, dos seus tempos de criança no ambiente rural da Cova da Iria, no início do século XX.
A edição crítica inclui a terceira parte do chamado terceiro segredo de Fátima, sem que tenha sido encontrado “absolutamente nada de novo” em relação ao que já foi publicado.
“Para querer ver ali qualquer coisa escondida é preciso muita imaginação”, sustenta Cristina Sobral, que teve o manuscrito original nas suas mãos, quando este veio do Vaticano.
Os primeiros quatro textos das Memórias foram escritos em Tuy entre 1935 e 1941 e foram publicados na íntegra pela primeira vez em 1973, mas parcialmente já tinham sido tornados públicos em 1938.
As duas últimas memórias são escritas entre 1989 e 1993 no Carmelo de Santa Teresa, em Coimbra.
Em outubro de 2014, a Diocese de Leiria-Fátima e o Santuário de Fátima assinaram um protocolo que permite ao santuário mariano guardar, durante dez anos, os manuscritos originais da primeira, segunda, terceira e quarta memórias da Irmã Lúcia.
A partir de 1976, a irmã Lúcia assistiu à publicação de todas as suas “Memórias”; atualmente, este livro vai na sua 17.ª edição.
Em abril de 2016, o Santuário de Fátima apresentou o projeto artístico ‘Tropário para uma pastora de ovelhas mansas’, que reuniu o trabalho de seis compositores contemporâneos a partir destas memórias.
Antes, a escritora Thereza Ameal lançava o livro ‘Lúcia, a vida da pastorinha de Fátima’, uma biografia oficial da vidente e religiosa carmelita para crianças.
Já em 2013 tinha sido lançada a biografia completa da Irmã Lúcia, ‘Um caminho sob o olhar de Maria’, que contou com a colaboração de toda a comunidade do Carmelo de Santa Teresa, em Coimbra, onde a religiosa passou a maior parte da sua vida.
A Diocese de Coimbra e o Carmelo de Santa Teresa anunciaram hoje que a fase diocesana da causa de canonização da Irmã Lúcia chegou ao fim, passando agora o processo para a competência direta da Santa Sé e do Papa.
PR/JCP/OC