Sacerdote participou na apresentação no novo livro «Peregrinos», das jornalistas Ana Catarina André e Sara Capelo
Lisboa, 08 abr 2017 (Ecclesia) – O padre José Tolentino Mendonça diz que a experiência da peregrinação, e nomeadamente ao Santuário de Fátima, está "a encontrar na contemporaneidade um novo entusiasmo, um novo alento".
O sacerdote e poeta, que abordou para a Agência ECCLESIA o tema do novo livro 'Peregrinos', uma obra das jornalistas Ana Catarina André e Sara Capelo, disse que "as multidões que caminham para Fátima percebem que a peregrinação é uma espécie de laboratório de transformação interior".
"Ninguém sai o mesmo depois de uma peregrinação. É uma grande oportunidade que nos é dada", frisou o também vice-reitor da Universidade Católica Portuguesa.
A obra 'Peregrinos', que integra a coleção «Retratos», da Fundação Francisco Manuel dos Santos, foi apresentada esta sexta-feira à tarde no auditório da Rádio Renascença, em Lisboa.
De acordo com o padre José Tolentino Mendonça, trata-se de um projeto "muito importante" que aponta Fátima como um lugar essencial para "compreender o fenómeno religioso em Portugal".
"Muitas vezes nós pensamos que Fátima é o lugar do tradicionalismo, onde as coisas se mantêm todas as mesmas. A verdade é que Fátima é isso mas também um lugar de vanguarda. Em Fátima há lugar para todas as procuras, e esse é um benefício que ela oferece à inquietação, à pergunta por Deus e pelo sentido da vida", sustentou.
Sobre o tema do livro, o sacerdote referiu que o peregrino é alguém que "deixa a sua vida habitual, o seu mundo de todos os dias, e dispõe-se radicalmente a uma experiência que, em grande medida ele não controla, que é a experiência do próprio caminho", do caminho 'pelos campos', como a própria etimologia da palavra indica.
"O caminho dá-nos o silêncio, dá-nos as horas em que parece que não acontece nada mas permite um mergulho interior; dá-nos o reencontro com a oração; dá-nos o sentimento profundo ao mesmo tempo de solidão e de comunhão, com os outros peregrinos e com o sentido daquilo que buscamos; e depois sentimos que a peregrinação converge para Fátima, para o Santuário, mas não acaba alí, é ponto de partida para uma peregrinação que acontece na vida", partilhou.
No livro 'Peregrinos' estão publicadas várias histórias de caminhada, recolhidas pelas autoras, que mostram como cada pessoa vive a peregrinação de maneira diferente.
José Tolentino Mendonça, que já viveu esse momento várias vezes, destaca a "alegria" mas ao mesmo tempo a "fragilização" que marca a chegada à meta desejada.
"Porque a experiência do caminho é também uma experiência de teste às nossas forças e chegamos a Fátima necessitados do olhar materno de Maria. Ela olha para nós e nós sentimos que aquele olhar é necessário. E isso talvez seja a coisa mais importante que Fátima tem para nos dar", concluiu.
Uma das histórias presentes no livro 'Peregrinos' é a de Pedro Diogo, da Diocese do Porto, Paróquia do Bonfim, que faz o percurso até Fátima desde 2011.
"Desde que o comecei a fazer, a experiência tem sido muito gratificante. Tenho-o feito sempre por alguém que mais necessita. A minha motivação para vir é efetivamente pelos outros", explicou aquele peregrino, que sublinha o momento da chegada ao Santuário como algo "indescritível".
"É termos a certeza que fizemos um caminho e que estamos novos, a renascer", considerou.
CB/JCP