Fátima: Migrantes e refugiados são mensageiros de esperança «num mundo obscurecido por guerras e injustiças»

D. Joan-Enric Vives desafiou quem parte a procurar «valores comuns» em comunidades onde o «deserto espiritual avança ameaçadoramente»

Foto Santuário de Fátima, Peregrinação de 12 e 13 de Agosto de 2025

Fátima, 13 ago 2025 (Ecclesia) – O presidente da Peregrinação a Fátima afirmou na homilia da Missa de hoje, 13 de agosto, que a “vitalidade dos migrantes” pode contribuir para revitalizar “comunidades eclesiais envelhecidas e cansadas”, referindo que quem parte é “mensageiro da esperança”.

“Num mundo obscurecido por guerras e injustiças, mesmo onde tudo parece perdido, os migrantes e os refugiados são mensageiros de esperança”, disse D. Joan-Enric Vives, arcebispo emérito de Urgel.

D. Joan-Enric Vives, que foi de Urgel até há dois meses, uma diocese de Espanha de que faz parte o Principado de Andorra, onde reside uma comunidade de perto de 10 mil portugueses, preside à Peregrinação do Migrante e Refugiado a Fátima, nos dias 12 e 13 de agosto.

Inserida na 53ª Semana Nacional das Migrações, que tem por tema “Migrantes Missionários da Esperança”, a Peregrinação Nacional do Migrante e do Refugiado ao Santuário de Fátima convoca portugueses que estão na diáspora portuguesa e as cidadãs e os cidadãos que escolhem Portugal para trabalhar ou para estudar.

Hoje, muitos migrantes caminham com uma mala numa mão e a fé na outra. E é essa fé que o Jubileu vem renovar. Porque o Ano Santo também é para eles: para lhes dizer que não estão sós, que a sua vida tem dignidade, que o seu futuro não está perdido, que a Igreja caminha com eles e que a Virgem os acompanha em cada passo do caminho”.

D. Joan-Enric Vives lembrou que “acolher os migrantes não é apenas uma obra de caridade”, antes “uma opção evangélica e jubilar”, desafiando a Igreja a ser “mais maternal do que nunca, mais aberta, mais hospitaleira, mais parecida com Maria, que acolheu a Palavra de Deus e a ofereceu ao mundo”.

O presidente da peregrinação a Fátima lembrou a condição migrante de Maria e disse que ela “passou certamente pela Via Maris, a atual Faixa de Gaza” quando, com São José, “foi peregrina e refugiada, caminhando para o Egito para proteger o seu Filho”, experimentando “dificuldades e sofrimentos”.

Na homilia da Missa, o arcebispo de Espanha pediu aos migrantes e refugiados para promover “novos itinerários de fé onde a mensagem de Jesus Cristo ainda não chegou” ou iniciar “diálogos inter-religiosos feitos de vida quotidiana e de busca de valores comuns” nos países de acolhimento.

Que o vosso entusiasmo espiritual e a vossa vitalidade contribuam para revitalizar comunidades eclesiais envelhecidas e cansadas, nas quais o deserto espiritual avança ameaçadoramente”.

D. Joan-Enric Vives lembrou os que “viajam para longe da sua terra natal”, pediu proteção para os que aguardam documentação ou respostas administrativas” e desafiou todos “para a solidariedade”, construindo “um mundo onde ninguém se sinta estrangeiro”.

“Nossa Senhora de Fátima, Mãe do Rosário e dos caminhantes, dá-nos a tua luz em terras estrangeiras; a tua proteção nos lugares onde criamos raízes; e a tua esperança a cada passo das nossas vidas. Faz de nós semeadores de paz, de alegria e de fraternidade neste tempo jubilar de graça”, concluiu.

 Após a homilia, os peregrinos ofereceram trigo ao Santuário de Fátima, cumprindo um gesto que começou no dia 13 de agosto de 1940, quando um grupo de jovens da Juventude Agrária Católica, de 17 paróquias da Diocese de Leiria, ofereceu 30 alqueires de trigo, destinados ao fabrico de hóstias.

“Desde então, os peregrinos, já não só de Leiria, mas também de outras dioceses do país, e até do estrangeiro, têm vindo a dar continuidade, ano após ano, a esta oferta”, indica o Santuário de Fátima, acrescentando que, durante o ano de 2024, foram oferecidos 5605 quilos de trigo e 352 quilos de farinha.

Em 2024, nas 2555 missas celebradas no Santuário de Fátima, foram consumidas 22105 hóstias médias e grandes, aproximadamente 779000 partículas e 460 partículas para celíacos.

Na mensagem dirigida aos doentes, Eugénia Costa Quaresma, diretora da Obra católica Portuguesa de Migrações, evocou quem sofre “como testemunhas de fé”.

“Precisamos do testemunho de quem vive por dentro os mistérios inexplicáveis da doença galopante, da morte anunciada, da morte adiada, da morte inesperada, consolada pela esperança na Vida eterna. Precisamos do testemunho de quem atravessa desertos de solidão, e no Senhor encontra o companheiro de caminho que conduz da angústia à alegria da ressurreição”, afirmou.

Eugénia Quaresma exprimiu, nas palavras dirigidas a quem sofre, a “profunda gratidão pelos familiares e amigos, que nunca abandonam”.

A diretora da OCPM, que dinamiza a Semana Nacional das Migrações, de que faz parte a Peregrinação Nacional do Migrante e Refugiado a Fátima, nos dias 1§2 e 13 de agosto, lembrou as pessoas que, após terem partido, “regressam, para acompanhar a condição de enfermidade, e dão testemunho de cuidado, de forma próxima e real”.

Profunda gratidão pela rede de cuidadores formais e informais, que deixaram de ser forasteiros, e pela sua dedicação se convertem em anjos sem fronteiras”.

“Neste momento de silêncio e ação de graças, reconheçamos a presença divina, nos momentos, sombrios, mas sobretudo com gratidão reconheçamos a presença divina, naqueles anjos de Esperança que cruzaram o nosso caminho, e nos cuidaram e cuidam com muito amor, apesar dos incómodos e do cansaço”, afirmou.

PR

(notícia atualizada às 12h08)

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