Fátima: Memórias da primeira viagem da imagem da Capelinha ao Vaticano

Iniciativa de João Paulo II, em 1984, assinalou consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria

Lisboa, 12 out 2013 (Ecclesia) – Rui Correia de Oliveira, servita de Fátima, acompanhou em 1984 a primeira viagem ao Vaticano da imagem de Nossa Senhora, venerada na Capelinha das Aparições, numa iniciativa do falecido Papa João Paulo II.

“O andor de Nossa Senhora foi colocado no altar da confissão, isto é, exatamente na vertical do túmulo de São Pedro e, enquanto o Papa João Paulo II se desparamentava, fiquei a olhar para o altar, a muitos metros de distância, e via a imagem, pequenina e branca”, começa por explicar Rui Correia de Oliveira, diretor bancário, que só depois deste primeiro impacto é que percebeu “o mistério e a grandeza” do convite para esta consagração.

O segundo momento, em que o antigo servita percebeu que estava a presenciar um momento histórico da Igreja, foi quando João Paulo II, nessa tarde do dia a 25 de março de 1984, se despediu de Nossa Senhora, “numa conversa em discurso direto”.

“O Papa colocou-se ao lado da imagem e disse, ‘Maria, Senhora, eu estou aqui para te agradecer teres estado comigo estes dias e o tempo que estive em oração contigo’”, assinala à ECCLESIA, destacando que estas palavras foram “carregadas de verdade, de sentido e proximidade”.

No planeamento da viagem os servitas depararam-se com o facto de não terem como acomodar a escultura para transportá-la com dignidade, pelo que nessa altura foi confecionado um estojo “de excelente qualidade, em pele, muito bonito”.

[[a,d,4231,Emissão 08-10-2013]]Durante a viagem, a obra viajou junto dos servitas e dos restantes passageiros, uma peregrinação que também se “deslocava a Roma” para participar na consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria: “Quando se soube houve algum alvoroço e todas as pessoas se levantavam e discretamente passavam perto da imagem”.

Os servitas para tocarem na imagem usam luvas brancas e o interlocutor explica que aconselham que ninguém mais o faça, até porque “não é preciso tocar para se ter devoção”.

Na memória de Rui Correia de Oliveira continuam os gestos de João Paulo II, e não o esquece a chorar, em silêncio, comovido, com o lenço branco a dizer adeus à Nossa Senhora, a maneira como beijou a imagem ou como pôs as mãos: “O Papa nisso era totalmente afetivo, portanto dava beijos, fazia festinhas à imagem, tudo aquilo que nós achamos que não era necessário. O Papa não tinha esse tipo de problema”.

Para o diretor bancário esta demonstração de afeto revela “intimidade” e uma “relação maternal que era verdade” porque o Papa “desde sempre adotou a Nossa Senhora como a segunda mãe. Não era uma imagem de retórica, era uma imagem vivencial e ali era muito evidente”.

“Olhar para ele foi sempre um consolo para mim”, assinala Rui Correia de Oliveira.

“Eu não podia pôr-me fora daquela realidade e portanto comecei a perceber que era testemunha de um acontecimento que era uma graça para a humanidade e para o mundo, cujo alcance não podia perceber na altura e hoje percebo”, explica o servita uma vivência contínua viva na memória e que a desenvolve hoje, aos microfones do programa ECCLESIA transmitido na Antena 1, às 22h45.

A imagem de Nossa Senhora de Fátima, da Capelinha das Aparições, viaja este sábado para o Vaticano, pela terceira vez, a convite do Papa para participar na jornada mariana do Ano da Fé e para que Francisco consagre o mundo ao Imaculado Coração de Maria.

LS/CB/OC

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