Dez mil jovens «viram Jesus» O Fátima Jovem realizou-se de 30 de Abril a 2 de Maio, mas começou bem mais cedo. Nas Dioceses e Movimentos Juvenis, os jovens estudaram a Mensagem do Papa para a Jornada Mundial da Juventude, realizaram os Festivais Diocesanas da Canção e, nos grupos juvenis, prepararam o Fátima Jovem com duas catequeses enviadas pelo Departamento Nacional da Pastoral Juvenil (DNPJ) sobre o tema ‘Queremos ver Jesus’, da autoria do P. João Pedro Brito, do Porto. Sobre as razões que levariam a Fátima os jovens, o DNPJ não podia ser mais claro: ’que ninguém venha a pensar fazer turismo, apenas…peregrinar! Só vale a pena ir ao Fátima Jovem se o fizermos em verdade e em oração. Este ano vamos reforçar este propósito’ – escreveu Manuel Oliveira de Sousa, na introdução às catequeses e ao Guião. E assim, dez mil jovens se puseram a caminho de Fátima. Festival da Canção Jovem Tudo começou com muita festa. As ‘claques’ das quinze canção que se apresentaram nesta ‘finalíssima’ no Centro Paulo VI, na noite de 30 de Abril, puseram o ambiente ao rubro. Muita cor, muitas ondas humanas, muitas palmas, muita alegria, muita festa. A Diocese de Beja deu o tom ao festival com uma coreografia. O P. João Paulo Vaz, de Coimbra, e a sua banda garantiram a animação inicial e o intervalo. Muitas canções com mensagem forte e animação q.b. para jovens com vontade de fazer uma festa com sentido. As canções foram desfilando, de Vila Real até ao Algarve, passando por Portalegre e Castelo Branco, Setúbal, Aveiro, Braga, Funchal, Coimbra, Lisboa, Leiria-Fátima, Beja, Santarém, Guarda, Viseu e Viana do Castelo. O primeiro prémio seguiu para a Guarda, com a canção ‘Quero encontrar-me em Ti’, com letra e música de Susana Ferreira. A segunda estrofe desta canção diz: ‘Quero encontrar a cor dos meus sentidos, poder resgatar os meus sonhos perdidos… se no coração Cristo eu deixar entrar, vou perceber qual é o certo lugar… e tudo eu vou entender, os ‘porquês’ vou perceber, contigo… em mim! Quero encontrar-me em Ti… Quero encontrar-Te em mim’. No fim, pelas duas da manhã, D. António Carrilho, Presidente da Comissão Episcopal do Apostolado dos Leigos, subiu ao palco para dar um incentivo aos jovens e foi surpreendido com os milhares de jovens que enchiam o auditório a gritar: ‘ e salta agora o Bispo e salta o Bispo, olé…’. A resposta não veio aos saltos, mas convenceu: ‘Já não posso saltar porque já saltei demais!’. Foi festa até às tantas. Ousar rezar em parque aberto O Parque 2 foi o lugar escolhido para o arranque oficial da Peregrinação do Fátima Jovem. Foi uma ousadia propor aos jovens um tempo de silêncio e oração, ao ar livre, sob a orientação dos Irmãos João, David e Luís, vindos de Taizé, França. A ambientação esteva a cargo do P. Jorge Castelo e da sua banda jovem, vinda da Guarda. Depois da música, compôs-se o cenário e começou a oração. Lá onde chegava o som, o silêncio só era cortado pelas canções de Taizé que muitos jovens já conhecem e cantam habitualmente. Este momento de Taizé foi também estratégico, pois permitiu sensibilizar os jovens para a participação no Encontro Europeu que a Comunidade de Taizé organizará este ano em Portugal, por ocasião da passagem de ano. O Guião do Fátima Jovem apresentava quatro páginas de boas razões para que todos os jovens se empenhassem na realização deste grande evento. Dali, os jovens caminharam a cantar para a Capelinha das Aparições. Saudação jovem a Nossa Senhora O agitar de lenços e bandeiras deram ao Santuário um colorido especial. O ritmo juvenil dos cânticos também mostraram que por ali circulava sangue mais novo. Após uma encenação da passagem do Evangelho de S. João (12,21) que deu tema ao Fátima Jovem (‘Queremos ver Jesus’), foi lido um texto de que vale a pena transcrever a introdução: ‘ Maria, nossa amiga e nossa Mãe, vimos de Portugal inteiro para Te saudar e estar contigo. Para que Tu nos leves a Jesus. Como outrora aqueles gregos, também nós ‘Queremos ver Jesus!’. Eis-nos aqui, de mãos vazias mas com o coração aberto, não por curiosidade ou divertimento, mas pela exigência profunda de encontrar a resposta à pergunta sobre o sentido da nossa vida. Nós sabemos que para ver Jesus, a primeira coisa a fazer é deixar-se olhar por Ele. Por isso, Te pedimos que nos leves a Jesus, para que Ele nos veja, olhos nos olhos, para que cresça em nós o desejo de ver a sua Luz, de saborear a sua presença. Aqui estamos com a nossa vida e a dos nossos pais e irmãos, familiares e amigos, com os nossos estudos e o nosso trabalho, com as nossas alegrias e tristezas, mas sobretudo com a nossa enorme vontade de viver. E é com esta alegria que todos os jovens de Portugal te saudamos, ó Maria’. Um noite de Vigília A noite começou com o Terço, transmitido pela Rádio Renascença e orientado por Setúbal. Após a Procissão de Velas, abriu-se um espaço de Vigília Jovem que só terminou às 5 da manhã, na Basílica. Braga e Viana abriram este espaço de Oração com um percurso bíblico que se apoiou nas Bodas de Caná, nas Parábolas dos Dois Filhos e dos Talentos. Depois de uma encenação nas escadarias do altar do recinto, de textos lidos e de canções, os jovens caminharam da Capelinha para a Basílica onde D. António Carrilho, pegando nos textos lidos e encenados, fez um apelo aos jovens para que tivessem a capacidade de ver Jesus nos Evangelhos e no testemunho do dia a dia. De forma muito viva e criativa, os jovens da Guarda, Beja, Santarém, Algarve, Setúbal, Portalegre e Castelo Branco, Porto, Aveiro, Coimbra e Vila Real animaram a noite da Basílica até às cinco da manhã. A Eucaristia, ponto alto D. Serafim Silva, Bispo de Leiria Fátima, presidiu à Eucaristia de Encerramento do Fátima Jovem, ladeado por dois Bispos da Comissão Episcopal do Apostolado dos Leigos, D. António Carrilho e D. Amândio Tomás. Na homilia, o presidente tentou dialogar com os jovens, de quem quis ouvir um grito de presença, logo no início. Depois, em Jornada Mundial de Oração pelas Vocações, disse que ia ordenar um padre e dois diáconos e precisava de saber se estes podiam contar com as orações dos jovens. Finalmente, em dia da Mãe, pediu uma salva de palmas para elas. Foi uma ovação grande, é claro. O único momento jovem da Missa foi o ofertório. Jovens agitaram lenços e faixas de muitas cores e, na escadaria do altar do recinto, apareceu um enorme pano com o rosto de Cristo. Ouviu-se uma enorme salva de palmas. Cristo ali ficou ‘exposto’ até ao fim da Eucaristia. Os lenços, as bandeiras e a forte presença dos jovens deram colorido e festa ao Santuário neste dia, contrariando uma liturgia em que muito latim e cânticos nada adaptados à sensibilidade dos jovens não ajudaram nada à Peregrinação anual dos jovens a Fátima. A Procissão do adeus, mostrou um mar de lenços a acenar, não apenas os brancos do costume, mas um autêntico arco-íris, a mostrar a diversidade das Dioceses do nosso país. Na hora do regresso a casa, lia-se nos rostos a experiência que fizeram e a grande vontade de regressar. Até lá, os jovens vão continuar a ‘ver Jesus’ num quotidiano a construir. A força do logótipo Paulo Adriano foi o grafista que desenhou o logótipo do Fátima Jovem 2004. Sendo o tema ‘Queremos ver Jesus’, a aposta foi para o olhar. Diz Paulo Adriano: ‘o olhar tem um lugar de relevo nos quatro Evangelhos, sobretudo o olhar de Jesus que seduz, chama e atrai. O globo ocular é atravessado transversal e longitudinalmente. Isso não é sinónimo de divisão, antes da presença do sinal de Cristo – sinal mais, sinal de redenção – em toda a esfera que, por sua vez, pode identificar-se com o globo terrestre. As quatro cores da íris remetem-nos para a universalidade da mensagem de Jesus Cristo: é para os homens e para as mulheres dos quatro cantos do mundo, seja qual for a cor dos seus olhos: castanhos, azuis, esverdeados ou amendoados. Finalmente, as pálpebras que protegem o olho. Um olhar mais atento, permite-nos perceber que são, também, duas mãos. Duas mãos que simultaneamente seguram e protegem o tesouro que está entre elas’. Como escreveu Manuel Sousa, responsável pelo DNPJ, ‘só vale a pena ir ao Fátima Jovem, se o fizermos em verdade e em oração. Acreditamos que assim será um marco espiritual na alma de cada um de nós’.