Fátima: Influência além do catolicismo

Reitor relativiza distinção turista/peregrino e comenta resultados do inquérito promovido pela Conferência Episcopal

Fátima, Santarém, 08 mai 2012 (Ecclesia) – O Santuário de Fátima foi visitado pelo menos numa ocasião por mais de 90% das pessoas que responderam ao inquérito sobre ‘Identidades Religiosas em Portugal’, promovido pela Conferência Episcopal, e 26,8% ali estiveram mais de 16 vezes.

O reitor da instituição, padre Carlos Cabecinhas, sublinha, em declarações à ECCLESIA, o número “muito significativo” de pessoas que se deslocam ao local com frequência, considerando que “muitas vezes a distinção que se faz entre o turista que vem simplesmente passear e o peregrino não tem linhas assim tão definidas”.

Num momento em que se prepara para receber dezenas de milhares de pessoas, na peregrinação anual do 13 de maio, o sacerdote destaca “a relevância que Fátima tem atualmente no panorama da vivência da Igreja em Portugal”.

Neste contexto, o reitor recorda todos os que “com compromisso maior ou menor nas próprias comunidades, têm na peregrinação a Fátima um ponto importante da sua caminhada de fé”.

O inquérito ‘Identidades Religiosas em Portugal: Representações, Valores e Práticas – 2011’, levado a cabo pelo Centro de Estudos e Sondagens de Opinião e Centro de Estudos de Religiões e Culturas da Universidade Católica Portuguesa (UCP), com o patrocínio da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), mostra que o santuário mariano continua a afirmar-se como uma referência nas práticas dos portugueses, ultrapassando as fronteiras do universo católico.

Crentes e não crentes “contribuem para as diversas categorias de visitantes de Fátima”, mesmo que por “exigências de solidariedade com amigos ou familiares”.

Os números recolhidos pelo estudo, com cerca de 4 mil respostas, mostram que 26,6% dos inquiridos foram a Fátima entre “3 a 7 vezes” e 18,7% estiveram entre “8 a 15 vezes” no santuário da Cova da Iria, Distrito de Santarém e Diocese de Leiria-Fátima.

“Pode dizer-se que Fátima é, em geral, uma importante polaridade para as práticas de mobilidade dos habitantes do território continental português”, assinala o coordenador do estudo, Alfredo Teixeira.

O inquérito revela que os visitantes de Fátima provêm “preponderantemente de localidades rurais e semiurbanas”: estes dois subconjuntos contribuem com mais de dois terços (67,7%) dos que já visitaram Fátima.

No que toca às “razões da deslocação a Fátima”, a mais frequente é o ‘passeio’ (em 70% dos casos), razão que acompanha as deslocações explicitamente ligadas às práticas votivas (45,3% dos casos): ‘cumprir/pagar promessas’ (24,5%) e ‘agradecer uma graça recebida’ (20,8%).

As deslocações a Fátima apresentam-se como “multifuncionais”, ou seja, “à deslocação como peregrinação, ou no quadro de outras motivações religiosas, podem agregar-se pragmaticamente motivações mais próximas do lazer e do turismo”.

O reitor do santuário sublinha, a este respeito, que “muitos daqueles que visitam o santuário têm um dia, uma ocasião em que podem e querem vir a Fátima”.

“Vêm em passeio, mas não deixam de se integrar nas celebrações, de rezar na Capelinha e na basílica, de fazer a via do peregrino, o que significa que mesmo aqueles que têm como primeira motivação uma visita, um passeio, alguma distração, acabam por viver a presença no santuário como autênticos peregrinos”, refere o padre Carlos Cabecinhas.

PTE/OC

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