Arcebispo do Luxemburgo alerta para situações de marginalização
Fátima, Santarém, 12 ago 2013 (Ecclesia) – A Igreja Católica em Portugal quer fazer da peregrinação dos migrantes a Fátima, que hoje se inicia, um momento forte de “encontro”, deixando votos de que os portugueses se “sintam em casa”, onde quer que estejam.
“Que a saída das suas terras não seja apenas um resolver das crises económicas, mas seja realmente um encontrar novos horizontes de vida”, disse aos jornalistas D. António Vitalino, bispo de Beja e vogal da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana.
O responsável recordou a importância do “direito a não emigrar”, com soluções “dignas”.
“O emigrante é no fundo um peregrino, vai à procura de dias melhores, mas há com certeza motivações muito profundas que o acompanham”, acrescentou o prelado, para quem “a Senhora de Fátima acompanha muito a sua vida, a sua família, as suas festas”.
A Obra Católica Portuguesa das Migrações (OCPM) está a promover até domingo a 41.ª semana nacional dedicada aos migrantes e refugiados, como um momento especial de atenção aos portugueses espalhados pelo mundo.
O ponto alto da celebração anual acontece na peregrinação dos migrantes ao Santuário de Fátima, entre hoje e amanhã, que este ano é presidida por D. Jean Claude Hollerich, arcebispo do Luxemburgo, país onde está instalada uma importante comunidade de emigrantes portugueses.
O prelado manifestou “gratidão” por ter sido convidado, destacando a sociedade “multicultural” do Luxemburgo, na qual há “problemas”, que passa também pelas dificuldades de “alfabetização” e educação nas gerações de filhos de emigrantes, como no caso dos portugueses.
“No Luxemburgo, a alfabetização é feita em alemão desde o primeiro ano da escola primária, o que constitui uma desvantagem enorme para todas as crianças portuguesas, uma vez que elas têm contacto com duas línguas faladas: o português e o luxemburguês”, explicou.
O responsável revelou que na estatística do liceu clássico da educação secundária no Luxemburgo há “poucos portugueses”, dado que a maior parte “está no [ensino] profissional”.
Nesse contexto, “muitas crianças e jovens não têm acesso à educação que deveriam ter”, o que constitui “uma grande perda” para eles e “para a sociedade luxemburguesa”.
De acordo com o arcebispo, há ainda dificuldades para os portugueses obterem a dupla nacionalidade, sendo que, sem esse estatuto, “não contam para as eleições” e ficam “à margem”.
“Quero fazer tudo para que ninguém esteja à margem da sociedade no Luxemburgo”, concluiu D. Jean Claude Hollerich.
Num comunicado dirigido a “todos os setores da Igreja, entre os quais “dioceses, paróquias, capelanias, institutos de vida consagrada e movimentos eclesiais”, a OCPM chama a atenção para as dificuldades que hoje enfrentam os “emigrantes, os missionários e os agentes pastorais” que os acompanham.
A peregrinação a Fátima tem como “intenção especial todos os portugueses que se viram obrigados a emigrar devido à situação económica de Portugal”, e quer ser uma forma da Igreja Católica garantir a estas pessoas “uma verdadeira comunhão de fé e de esperança”.
CB/JCP/OC