Professor da Faculdade de Teologia diz que o Santuário congrega um catolicismo em transformação
Fátima, 24 jun 2017 (Ecclesia) – O professor da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa Alfredo Teixeira afirmou hoje que a peregrinação constitui a “emergência autónoma de uma identidade religiosa nova que é a identidade do peregrino”
“A peregrinação pedestre favorece uma correlação entre a experiência de si como corpo e como interioridade” e é “uma experiência de encontro pessoal, favorecida pela experiência do caminho”, afirmou Alfredo Teixeira no último dia Congresso Pensar Fátima.
Para o antropólogo e professor da Universidade Católica Portuguesa (UCP), “os que peregrinam também são hoje diferentes”, porque se apresentam "mais equipados” e “associam a caminhada a uma certa competência desportiva”.
Alfredo Teixeira sustenta que estes novos peregrinos “experimentam um momento de libertação das condicionantes do quotidiano, e estabelecem uma comunidade formada pelos caminham”.
Numa comunicação sobre “O lugar de Fátima na reconfiguração do Religioso”, Alfredo Teixeira recordou alguns dados do inquérito “Identidades religiosas em Portugal 2011 – 2012”, que coordenou a pedido da Conferência Episcopal Portuguesa.
O investigador lembrou que o maior número dos que hoje visitam Fátima, 40,4%, o fazem em passeio e desdramatiza algum “choque” inicial que a motivação possa provocar, para dizer que “a lógica da deslocação é hoje multifuncional” na medida em que “quem alega esta razão para vir a Fátima participa de todas as experiências que o Santuário proporciona”.
Alfredo Teixeira diz que “é preciso compreender Fátima num quadro que já não é apenas o da dinâmica paroquial”, porque a peregrinação à Cova da Iria “corresponde a uma agenda pessoal e familiar”, parte de “muitas motivações” e, para muitos “elas revelam sinais de construção de uma identidade em que o vir a Fátima é o principal fator de identificação pessoal em termos cristãos”.
O professor da UCP salientou ainda que “há santuários que perdem protagonismo” e outros afirmam-se por valorizarem uma mensagem e atualizarem “o seu capital espiritual”, com “respostas novas aos novos tempos.”
Com o título “Pensar Fátima”, este Congresso Internacional promovido pelo Santuário de Fátima em parceria com a Faculdade de Teologia da UCP teve por objetivo, durante quatro dias, olhar o contributo civilizacional de Fátima para os dias de hoje.
HM/PR