Curso de verão abordou biografia, o contexto histórico do pastorinho vidente e a canonização
Fátima, 12 jul 2019 (Ecclesia) – O Santuário de Fátima dedicou o Curso de Verão 2019 ao pastorinho São Francisco Marto e a manhã do último dia de formação centrou-se nos “retratos nas representações artísticas” e nos “retratos espirituais” do pastorinho da Cova da Iria.
“Francisco ajuda-nos a perceber que a santidade é uma coisa normal para uma testemunha de Deus, é a criança que é chamada em silêncio e que aproveita a sua quase inaptidão auditiva como vocação. Encontra-se em Deus e vive mergulhado em Deus e a partir deste mergulho vive a sua vida normal, com tudo aquilo que implica”, disse Pedeo Valinho em declarações à Agência ECCLESIA.
Neste último dia da 4.ª edição do curso de verão 2019, o teólogo falou sobre ‘Os retratos espirituais de São Francisco Marto’, a criança que “não tem gestos heroicos extraordinários para apresentar” mas que é um dos seus traços característicos e “da sua santidade”.
Segundo o membro do Centro de Investigação em Teologia e Estudos de Religião, da Universidade Católica Portuguesa, o pastorinho vidente “é, claramente, um contemplativo, talvez um místico”, e o que gostava é de procurar o seu recanto para “pensar em Deus”.
“Vive tudo o que tem a viver enquanto criança mas preenchido por este foco, por esta luz, que ilumina os seus dias”, acrescentou sobre Francisco Marto que pode ser um “instrumento pastoral muito interessante” a utilizar em Igreja para dizer aos jovens e crianças que “a aventura da fé é possível”.
“Francisco e Jacinta complementam-se muito bem como modelo pastoral. Francisco recorda-nos muito esta necessidade da contemplação do foco em Deus”, assinalou.
Em declarações à Agência ECCLESIA, o coordenador dos Cursos de Verão, que apresentou o tema ‘Os retratos de Francisco Marto nas representações artísticas (Fotografia e Iconografia)’, afirmou que a representação de figuras históricas que chegam a santos e se conhecem por fotografia “é sempre muito mais desafiante” para os autores do quem na história não se conhece “o seu rosto concreto em fotografia”.
“Esse desafio torna-se muito difícil para quem tem de fazer perdurar esses rostos e quem tem que os tornar acessíveis a partir de esculturas, pinturas, que sirvam de a oração para mediar a oração”, disse Marco Daniel Duarte.
O diretor do Departamento de Estudos do Santuário de Fátima realça que no caso de Francisco Marto “quanto mais” os pintores se afastam da fotografia “mais difícil é a receção daquela figura criada” e o que se verificou ao longo de estas décadas “é que as fotografias tiradas em 1917, há uma mais conhecida”, existem “5 ou 6” que deram origem a representações iconográficas e “fazem um imaginário daquilo que é esta criança que é tomada como exemplo a partir dos anos 2000 e, sobretudo, 2017 com a canonização”.
Marco Daniel Duarte acrescenta que a figura que é mais representada “é um pastorinho ao tempo de 1917, um pastor dos inícios do século XX”, e as descrições apresentam-no como um “homem em miniatura, um pastor em miniatura”, como se pode ver nas fotografias, com “a jaleca, umas calças à homem, barrete ou carapuço, como era dito nesta região”, por isso, os livros infantis, as representações e ilustrações “nunca vão fugir deste estereótipo”.
Desde quarta-feira, dia 10, que o santuário mariano dinamiza esta oferta formativa para investigadores, estudantes, professores, formadores, catequistas e outros agentes pastorais interessados em estudar o fenómeno de Fátima.
Gonçalo Cardoso, do Museu de Arte Sacra e Etnologia do Instituto Missionário da Consolata, por exemplo, explica que no museu têm uma sala dedicada aos pastorinhos e “o objeto principal é uma relíquia de Francisco Marto, um objeto ligado à história de Fátima”.
“Aprendi muito que irei procurar aplicar esses conhecimentos na própria exposição e no decorrer das visitas guiadas, as diferentes perspetivas”, acrescentou, em declarações à Agência ECCLESIA, e realçou o curso de verão “muito diversificado” é oportunidade de enriquecimento “do ponto de vista profissional e pessoal”.
“É sempre importante saber mais sobre a mensagem de Fátima e sobre os santos”, realça Marta Nogueira da Comunidade Canção Nova.
A missionária, que trabalha no setor das redes sociais, exemplifica que pessoas “de todo o mundo interagem muito” quando o tema é mensagem de Fátima, Nossa Senhora, os pastorinhos como têm verificado em diversos trabalhos, por isso, “interessa aprofundar” a temática para a “divulgar”.
HM/CB
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