Iniciativa tem como objetivo repensar modos de estar e de viver a missão
Fátima, Santarém, 29 jan 2015 (Ecclesia) – Os formadores das congregações portuguesas estão reunidos em Fátima, por iniciativa da Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP), para aprofundarem os desafios que são colocados hoje à Vida Consagrada.
A atividade, que está a ser acolhida pela Casa de Nossa Senhora das Dores, tem como tema geral “Profecia e Missão: profetas para despertar o mundo”, retirado da mensagem com que o Papa Francisco convocou o Ano da Vida Consagrada.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, o padre Manuel Barbosa, da CIRP, destaca a importância de repensar a forma como as congregações se podem tornar mais “presentes nas situações em que estão em missão”, não só a partir do que “fazem” mas também do que “são”.
E a primeira condição a reter é a necessidade dos consagrados, dos religiosos e religiosas, terem o seu coração aberto e disponível àquilo que Deus tem atualmente para lhes dizer.
“Para sermos testemunhas e estarmos disponíveis para as várias presenças no mundo temos, em primeiro lugar, de estar despertos e de beber nessa fonte que é Jesus Cristo”, salienta o sacerdote.
Depois, toda essa aprendizagem tem de dar origem “a uma espiritualidade que não é abstrata mas sim incarnada, no terreno, na vida de cada religioso, daquilo que cada um é”.
O envelhecimento das ordens religiosas, a falta de vocações, a abertura e a educação dos sentidos para a missão, a observância dos votos, a vida em comunidade, o diálogo com a sociedade e sem fronteiras, são alguns dos painéis em debate.
Numa das suas intervenções, o padre Mariano Sedano Sierra referiu sobre a castidade, que tanto inquieta a sociedade, que ela “é uma maneira concreta de viver a sexualidade, com muita paternidade e com pouca genitalidade”.
“E a sociedade precisa tanto de pais”, salientou.
Os formadores das congregações estão a ter a oportunidade de refletir sobre as “provocações” que a sociedade coloca à sua missão.
Que envolvem também as “inquietações dos jovens” e fenómenos como o tráfico humano, a violência doméstica, as migrações e a pastoral das prisões.
Para a irmã Isabel Rodrigues, que integrou a equipa que preparou a ação de formação, é fundamental que os religiosos sejam sobretudo “sinais do amor de Deus” nos vários campos, sempre de acordo com a “identidade” própria das suas congregações.
“Olhar para a nossa vocação como um dom para todos, porque o é. Nós não viemos para a vida religiosa por nós, para nós, viemos porque Deus quer precisar de nós para se revelar ao mundo, e esse é um grande convite, uma grande oportunidade neste Ano da Vida Consagrada”, acrescentou a serva de Nossa Senhora de Fátima.
O frei franciscano Nicolas Almeida, natural da Venezuela, recorda o desafio que é feito às congregações de estarem “nos sítios onde mais ninguém quer estar”.
“Como o Papa Francisco nos alerta, é necessário irmos para as periferias, que hoje em dia existem nas cidades, há pessoas que se sentem abandonadas pela Igreja, que necessitam de alguém que as entenda”, completou.
A ação de formação, que começou esta segunda-feira e vai prolongar-se até este sábado, está a ser orientada pelo padre Mariano Sedano Sierra, conselheiro da União das Conferências Europeias de Superiores Maiores.
Conta ainda com a participação da diretora da Obra Católica Portuguesa das Migrações, Eugénia Quaresma, do subdiretor nacional das Prisões, Licínio Lima, e o técnico e escritor Manuel Matias, entre outros oradores.
JCP