«Queremos agradecer, dar graças por este movimento que nos tem dado tanto» – Olga Grilo
Lisboa, 14 out 2022 (Ecclesia) – O Movimento ‘Fé e Luz’ encerra as comemorações do seu 50.º aniversário com uma peregrinação nacional, sob o tema ‘Segui-me e farei de vós pescadores de homens’, entre hoje e domingo, em Fátima.
“Depois deste período que estivemos mais afastados, precisamos deste encontro, mas é sobretudo um momento em que queremos agradecer, dar graças por este movimento que nos tem dado tanto”, explicou Olga Grilo, do Movimento ‘Fé e Luz’, em entrevista à Agência ECCLESIA.
Este movimento internacional foi fundado por Jean Vanier e por Marie Hélène Matthieu, em Lourdes (França), em 1971, e, passados 50 anos, “aquilo que foi um desafio, continua a sê-lo hoje”.
Olga Grilo assinala que está na natureza do Movimento ‘Fé e Luz’ “a vontade” de se inserirem naquilo que os rodeia, “não nasceu para criar comunidades que são quase bolhas”, mas para dar a possibilidade às pessoas que estão “mais nas margens”.
“Quando a família se depara para a chegada de um filho com deficiência intelectual, acontecem várias coisas, uma delas é a vontade de se isolar, porque sente dificuldades em assumir aquele filho ou mesmo tendo vontade de o assumir encontra dificuldades. Sobretudo, o movimento procura mostrar a essas pessoas que elas têm um lugar quer na sociedade, mas sobretudo na Igreja”, desenvolveu.
“Não queremos estar sozinhos, é o princípio de fé e luz; A Igreja é de todos e para todos e não se rege pelo grau de capacidade, todos somos diferentes e no mundo da deficiência intelectual somos ainda mais diferentes, há uma panóplia grande de características”, afirma a antiga coordenadora da Província Lusitana (Portugal) deste movimento da Igreja.
Para Olga Grilo, “os passos mais recentes dão alguma esperança”, e lembra que no debate sinodal que está a decorrer na Igreja Católica, convocado pelo Papa Francisco, até outubro de 2023, também foram chamados a participar e “mostrou bem que, embora haja trabalho feito, ainda é preciso fazer um esforço em contra corrente”.
“A verdade é esta, é difícil atribuir um papel que se considere relevante às pessoas com deficiência intelectual. Isso exige um esforço de saber o que é que a pessoa quer, sonha, sente e pensa”, realçou.
O programa da peregrinação nacional do Movimento ‘Fé e Luz’, pelos seus 50 anos, começa hoje, e conta com momentos de oração, celebração do perdão e da luz, lava-pés, cortejo da alegria, terço, festa e partilha.
Olga Grilo destaca que o encontro começa com uma cerimónia de partilha entre comunidades que existem em Portugal, são 15, “uma reflexão acerca daquilo que há para agradecer”.
“Vai ser mostrada uma barca peregrina que foi preparada para este efeito e percorreu todo o país, todas as comunidades de norte a sul. Todos tivemos oportunidade de refletir, e foi um veículo que nos levou a ser verdadeiramente comunidade uns com os outros”, desenvolveu.
No domingo, dia 16, D. Francisco Senra Coelho, arcebispo de Évora, preside à celebração, às 15h00, na Basílica da Santíssima Trindade, em Fátima
Na Páscoa de 1971, as pessoas com deficiência, acompanhadas pelas suas famílias e jovens amigos, viajaram de todo o mundo até Lourdes (França), numa “grande peregrinação que quebrou a solidão de tantas pessoas e os tabus da sociedade e da Igreja da época”, explicou o Movimento ‘Fé e Luz’ num comunicado enviado à Agência ECCLESIA.
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