«O mais importante é acolher o outro como uma pessoa e uma pessoa importante», refere fundador do movimento, Jean Vanier
Évora, 19 fev 2016 (Ecclesia) – O Movimento ‘Fé e Luz’, dedicado às pessoas com deficiência intelectual, está a celebrar 40 anos em Portugal e promove a peregrinação ‘Enraizados na fragilidade, vivendo na alegria’, ao Santuário de Fátima, entre 15 e 17 de abril.
“Possa este acontecimento fortalecer a nossa missão de dizer ao mundo que as pessoas com deficiência têm um contributo muito válido a dar à sociedade no nosso tempo”, destaca um comunicado do movimento enviado hoje à Agência ECCLESIA.
O movimento ‘Fé e Luz’ explica que, ao “império da concorrência e da corrida pelo bem-estar”, as pessoas com deficiência revelam que “a ternura e o cuidado”, uns pelos outros, podem criar um mundo que “todos os homens desejam”: “A ação de Deus, da Sua ternura e do Seu cuidado.”
‘Enraizados na fragilidade, vivendo na alegria’, é o tema da peregrinação nacional ao Santuário de Fátima, no contexto dos 40 anos do movimento em Portugal, que conta com membros da família internacional vindos de Espanha; Gibraltar; Itália e França.
O tema geral divide-se em subtemas, no primeiro dia ‘Ao encontro das nossas raízes’; depois ‘Viver a alegria na Misericórdia de Cristo’ e no último dia ‘Dar frutos na alegria’.
Do programa constam momentos de oração, celebração, convívio e conferências, destacando-se na tarde de sábado, a partir das 14h30, diversos ateliês: Mímica; música; artes plásticas e, ainda, sobre a mensagem de Fátima para o movimento; a espiritualidade, a carta e a constituição do ‘Fé e Luz’.
No dia 17 de abril, destaca-se a Eucaristia na Basílica da Santíssima Trindade, às 15h00, que marca o encerramento da peregrinação terminando com a celebração do Envio, às 16h00.
O Movimento ‘Fé e Luz’ nasceu em 1971, em França, pelo filósofo e teólogo Jean Vanier e a professora francesa Marie Helene Mathieu, tendo no seu centro “as pessoas com deficiência intelectual, rodeadas de seus pais e familiares e amigos”, explica o comunicado.
“O mais importante é acolher o outro como uma pessoa e uma pessoa importante. Mas no nosso mundo, a cultura é a da luta, é preciso chegar mais alto, ser mais importante, ganhar mais dinheiro”, disse Jean Vanier, em entrevista no mais recente programa ‘70X7’ (RTP2).
À Agência ECCLESIA, o filósofo e teólogo canadiano sublinhou que, ao contrário da “cultura de fazer melhor que os outros, de ganhar”, para a pessoa com deficiência o importante “é o encontro”, é estar feliz que o “outro exista, a alegria de seres”.
Neste contexto, observa que a “maior parte” das pessoas defende-se, protege-se enquanto a pessoa com deficiência “não se protege” mas “abrem-se, ensinam a acolher o outro diferente”.
“A minha esperança é que a mensagem possa continuar. E que, em lugar de as pessoas com deficiência serem para os pais uma vergonha, sejam uma bênção. E que eles possam descobri-lo”, desenvolveu o também fundador da ‘Arca’, uma comunidade em que as pessoas ditas normais vivem com pessoas com deficiência.
Segundo o comunicado, o movimento tem como finalidade a criação de uma rede de amizade “facilitadora da inclusão na vida social e eclesial”.
“É toda uma visão da sociedade de dar mais lugar aos mais pobres. Não apenas celebrar, mas ajudar os pais a encontrar as coisas de que necessitam. Uma visão social em que os mais fracos possam encontrar lugares para progredir”, comenta ainda Jean Vanier.
A primeira comunidade em Portugal surgiu ligada à Paróquia da Ajuda, Diocese de Lisboa, em 1976, com o nome de ‘Nossa Senhora das Candeias’.
AM/CB