Diretor do Museu do Santuário destaca percurso que reúne terços de «peregrinos desconhecidos, anónimos» e peregrinos «particularmente relevantes na história do catolicismo»
Lisboa, 13 mai 2024 (Ecclesia) – O diretor do Museu do Santuário de Fátima considera que oração do Rosário “liga a terra e o céu” e neste contexto os visitantes da exposição temporária são convidados para “esse encontro” e “caminho”.
“‘Rosarium, Alegria e Luz, Dor e Glória’ é a exposição temporária que o Santuário de Fátima oferece aos seus peregrinos num ano particularmente importante neste lugar, precisamente porque os peregrinos são aqui chamados ao encontro, feito a partir da oração. E a oração mais típica do Santuário de Fátima é, de facto, a oração do Rosário”, disse à Agência ECCLESIA Marco Daniel Duarte.
O responsável pela museografia da exposição, patente no Convivium de Santo Agostinho, no piso inferior da Basílica da Santíssima Trindade, realça que a mostra começa “com um convite que foi transmitido pelos três pastorinhos a toda a humanidade e esse convite vinha do céu”, por isso imprimiram no chão, no pavimento, “uma frase luminosa”: ‘Rezem o terço todos os dias para alcançar a paz’.
O primeiro núcleo da exposição intitula-se ‘As Contas por Entre as Mãos que Rezam’ e é um “núcleo especialmente didático”, onde o visitante pode ver “um esquema para que se tiver alguma dúvida sobre a forma de rezar o terço, pode ali tirar essa dúvida”, afirmou o responsável, também diretor do Departamento de Estudos do Santuário de Fátima onde dirige o Arquivo e a Biblioteca
“As contas pequenas dedicadas às Ave-Maria, as contas grandes dedicadas à oração dominical, ao Pai-Nosso, à doxologia, a oração de louvor à trindade, a última conta dedicada à Salve Rainha e esse esquema didático está enquadrado por terços oferecidos à Nossa Senhora de Fátima, quer por peregrinos desconhecidos, anónimos, quer por peregrinos muito conhecidos e particularmente relevantes na história do catolicismo e na história inclusive da humanidade”, acrescentou.
Neste núcleo ainda há uma “composição plástica”, da autoria de Ana Bonifácio, que permite “olhar para o terço a partir da sua história”.
“Ele é uma derivação do canto dos Salmos, os Salmos 150 eram só tomados por aqueles que sabiam ler latim, que sabiam cantar, e há uma espécie de democratização desta oração na Idade Média para o povo de Deus”, sublinhou Marco Daniel Duarte.
150 terços brancos oferecidos a Nossa Senhora de Fátima, “suspensos sobre a terra de Fátima”, que lembram “o saltério popular, que é a oração do Rosário”.
Ao entrar no segundo núcleo, o visitante é convidado a fazer um caminho “através de umas contas luminosas que vai entrevendo, através de umas cortinas, e fazendo um caminho circular, uma verdadeira rotunda, vai perceber que os mistérios do Rosário são, afinal, os mistérios de Deus, mas são também os mistérios da humanidade”, disse o responsável.
O último núcleo desta exposição, intitulado ‘Entre o Céu e a Terra’, tem apenas um “objeto de grande dimensão” com uma “escala muito diferente daquela que o visitante observa ao longo da exposição”.
Primeiro é a “escala humana do terço que passa nas mãos, agora é a escala monumental” e o Santuário de Fátima pediu a Joana Vasconcelos que fizesse uma peça “que pudesse ser neste lugar ícone daquilo que é a importância da oração do terço, para que esta peça pudesse estar no ano do centenário das aparições entronizada nos céus de Fátima e pudesse fazer essa relação entre o céu e a terra”.
Esta peça é um terço luminoso com contas feitas de luz, “a sua cruz é traçada a partir da erudição das fontes ligadas ao humanismo” e neste contexto “aparece uma representação no chão mostrando o Homem de Vitrúvio, é precisamente a partir do Homem de Vitrúvio que se traça esta cruz, para dizer que de facto nós vivemos num tempo de antropocentrismo porventura, mas esse centro tem que ser iluminado pela cruz pascal de Cristo e portanto essa transcendência da humanidade aparece a partir do mistério luminoso pascal de Cristo”, acrescentou Marco Daniel Duarte ao Programa ECCLESIA emitido na RTP2, neste dia 13 de maio.
A exposição está patente ao público até o dia 15 de outubro.
HM/LFS/OC