Fátima: Encerramento do Centenário marcado por mensagem de paz perante cenário de guerra nuclear

D. António Marto evocou consequências da pobreza e da «cultura da indiferença»

Fátima, 13 out 2017 (Ecclesia) – O bispo de Leiria-Fátima presidiu hoje na Cova da Iria à Missa de encerramento das celebrações do Centenário das Aparições, deixando uma mensagem em favor da paz num mundo marcado pela ameaça da guerra nuclear.

“Persistem as tensões entre as grandes potências, continuam os conflitos configurando uma ‘terceira guerra mundial em episódios’, alastra o terrorismo e a ameaça nuclear”, disse D. António Marto, perante dezenas de milhares de pessoas reunidas para a peregrinação internacional aniversária do 13 de outubro.

O responsável falou da “mensagem profética de esperança” de Fátima, “não um segredo intimidatório, de medo”, mas “uma palavra de bênção”.

“A paz é um tema central da mensagem. Ao pedir para se rezar o terço pela paz todos os dias, Nossa Senhora quer desencadear, através da oração, uma mobilização geral do povo católico que leve ao compromisso ativo pela paz no mundo”, precisou D. António Marto, que renovou o apelo deixado pelo Papa Paulo VI em 1967.

O bispo de Leiria-Fátima afirmou que esta celebração é um momento “particularmente emocionante”, recordando os “milhões de peregrinos” que passaram pela Cova da Iria ao longo destes cem anos.

“Nesta época em que estamos a viver uma certa indiferença religiosa, uma espécie de eclipse, ocultamento cultural de Deus, Maria convida-nos hoje a descobrir o gosto e o encanto de Deus e da sua beleza, a proclamar como Deus é grande”, apelou.

D. António Marto projetou desafios para o futuro de Fátima e da fé cristã, como “tornar Deus presente” na humanidade.

“A misericórdia de Deus é mais poderosa que a força do mal”, prosseguiu.

A intervenção citou Sophia de Mello Breyner e Vitorino Nemésio, além das várias mensagens deixadas em Fátima pelos Papas que visitaram o Santuário.

“O Papa Francisco repetiu aqui duas vezes: ‘Temos Mãe’! Eu permito-me acrescentar: sim, temos mãe de ternura e de misericórdia, solícita e defensora dos pobres, dos que sofrem, dos humildes e humilhados, dos oprimidos, dos sós, dos abandonados e descartados pela cultura da indiferença, de quem diz: que me importa o outro? Cada um que se arranje”, declarou D. António Marto.

Peregrinos de 45 países estrangeiros, além de milhares de portugueses, acorreram a Fátima para as celebrações conclusivas do Centenário das Aparições, no dia em que se evoca o chamado ‘Milagre do Sol’.

Na tradicional mensagem aos doentes, D. António Marto mostrou-se “comovido” pelo sofrimento das pessoas que tem encontrado como bispo, em Fátima, com o seu “obrigado” por este testemunho de fé.

As celebrações de 13 de outubro começaram durante a madrugada, num cenário marcado pelo nevoeiro, na Cova da Iria, tendo como tema ‘Maria, Estrela da Evangelização’.

O Santuário de Fátima informou que o total de grupos de peregrinos estrangeiros entre maio e outubro de 2017 foi de 4986, um aumento de 285% face ao período homólogo em 2016 (1745 grupos); o número dos grupos portugueses foi de 1191 (1092 em 2016).

As celebrações do Centenário encerram-se com uma sessão solene na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, que acolhe um concerto da Orquestra e Coro Gulbenkian, dirigidos por Joana Carneiro.

O evento, com início marcado para as 18h30, integra a estreia absoluta das obras ‘Salve Regina’ e ‘The Sun Danced’, de Eurico Carrapatoso e James MacMillan, sendo antecedido por intervenções do presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, e do bispo de Leiria-Fátima.

OC
Notícia atualizada às 12h33

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Agência ECCLESIA

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