Peregrinação anual de agosto reuniu dezenas de milhares de pessoas
Fátima, Santarém 13 ago 2013 (Ecclesia) – A peregrinação anual do Migrante a Fátima reuniu dezenas de milhares de pessoas na Cova da Iria, na sua maioria emigrantes e imigrantes que no Santuário agradeceram por mais um ano de trabalho e as graças que receberam.
“É sempre uma questão de fé e levo paz e alegria”, revela Vasco Carriço que emigrou para a Suíça, há seis anos, e aproveita este momento para agradecer “que a vida nunca corra pior”.
Há 47 anos em Paris, França, António Valente, acompanhado pela esposa, assinala que procura “a graça de Deus para perdoar os pecados”.
Tal como a fé lhes foi transmitida os emigrantes trazem os seus filhos ao Santuário para lhes transmitir esta mesma fé que passa gerações.
“Quero continuar a dar-lhes a mesma educação que os meus pais me deram e no estrangeiro parece que ainda sentimos mais fé e sente-se mais no coração” revelou António Tavares que nasceu no Luxemburgo, para onde regressou há 28 anos, que tem dois filhos.
Alice da Costa, de 34 anos, nasceu em Paris mas todos os anos passava férias em Portugal e visitava a Cova da Iria, por isso quer dar a conhecer o que passou, a “força da família” e da fé.
Os imigrantes que procuraram em Portugal oportunidades que não encontravam no seu país também fazem parte desta peregrinação da ‘Fé e da Esperança, inserida na 41ª Semana Nacional de Migrações que termina este domingo.
Inocência Neves é natural de Timor-Leste e está em Portugal há 37 anos, do Santuário leva “um grande conforto”: “É uma força que nem sei explicar, é daqui que levo muitas coisas boas para a minha família e para os meus amigos”.
Virgínia Dias nasceu em Cabo Verde e tem 14 anos de residência em Portugal: “Fátima representa uma mãe e é aqui que vimos agradecer mais do que pedir porque em nossas casas pedimos graças e como os emigrantes estamos muito gratos”, explicou.
O padre Sérgio Mendes, da Diocese da Guarda, também é emigrante na sua missão – há um ano que acompanha a comunidade portuguesa no Luxemburgo – e assinala o espírito participativo dos portugueses nas celebrações, mesmo os que fazem quilómetros oriundos de países de fronteira.
“Trabalhar a nível de Igreja durante a semana é complicado porque há portugueses que trabalham durante o dia e de noite também mas depois, ao fim de semana, são comunidades vivas e participativas e não há intempéries, graus negativos e frio que demovam aquelas pessoas e alguns fazem mais de 40 quilómetros para terem a celebração em português”, relata.
Segundo o sacerdote, uma das eucaristias é às 08h00 e, normalmente tem “cerca de 500 fiéis na celebração”, numa igreja de 600 lugares.
D. António Vitalino, bispo de Beja e vogal da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, destacou a “forte tradição de entreajuda” que liga a Igreja, as autoridades e a comunidade portuguesa.
O prelado revelou que a ajuda que a Igreja presta, dentro das suas possibilidades, é “em primeiro lugar um auxílio moral e espiritual” e que a preocupação pelo bem-estar dos portugueses é transversal a todas as gerações.
O Santuário de Fátima acolheu desde terça-feira a ‘Peregrinação do Migrante e do Refugiado’, que se concluiu hoje, uma iniciativa da Obra Católica Portuguesa de Migrações (OCPM), que promove até domingo a 41.ª Semana Nacional das Migrações, este ano com o lema ‘Migrações Peregrinação de Fé e Esperança’.
CB/OC