Fátima: Em maio o mundo reza com a Cova da Iria

Tradição e devoção marcam regresso dos emigrantes portugueses à Cova da Iria

Lisboa, 27 mai 2011 (Ecclesia) – A devoção à Virgem de Fátima intensifica-se no mês de maio, quando se assinala a primeira aparição de Maria na Cova da Iria, ocorrida em 1917, segundo os relatos dos ‘pastorinhos’ Francisco, Jacinta e Lúcia.

No dia 13, data da primeira aparição, o santuário mariano acolhe centenas de emigrantes portugueses, que nas malas levaram as saudades, a fé e as tradições das suas comunidades de origem.

Durante esta semana, o programa da Ecclesia na Antena 1 apresenta testemunhos de portugueses e estrangeiros radicados na Europa e da América, obtidos a 12 e 13 de maio, quando decorria a mais significativa peregrinação à Cova da Iria, 130 km a norte de Lisboa.

Modesta Teixeira, emigrante em Paris há muitos anos, levou para a capital francesa as tradições da sua terra natal, Vizela, 350 km a norte de Lisboa, e de cada vez que regressa a Portugal o Santuário de Fátima é ponto de paragem obrigatório.

“O meu marido também é muito religioso e gosta muito de vir cá. Às vezes faz promessas de dar uma esmolinha à santinha, e por isso temos que vir. É a nossa religião”, explica.

Com o salto para outra realidade perdeu-se parte da ligação aos ritmos e liturgias da Igreja Católica: “Mantemos a nossa religião, embora em Paris pratiquemos muito menos do que em Portugal”.

“Como trabalhamos muito, nem tempo temos para ir à missa”, diz Modesta Teixeira, acrescentando: “Fazemos o necessário para que os nossos filhos façam os batizados, as comunhões e tudo o mais, mas de resto é muito pouquinho”.

As raízes religiosas, contudo, não se perderam: “Quando nos acontece algo, a primeira coisa que fazemos é invocar Nosso Senhor e Nossa Senhora de Fátima”, assinala a emigrante, que na Cova da Iria reencontra a paz e as amizades.

“É um lugar onde estamos recolhidos. É bom. E encontramos muitos amigos, partilhamos saudades e palavras”, refere, para a seguir dizer que maio “é o mês mais bonito” e “em que se reza mais”.

Do outro lado do Atlântico chegou Dolores Campanário Gananza, que há 64 anos emigrou da ilha da Madeira para a Califórnia, nos Estados Unidos da América: “Os portugueses nunca esquecem da Senhora de Fátima”.

Em maio, a paróquia onde reside replica a procissão das velas realizada no santuário da Cova da Iria, atrás do andor com a imagem de Maria, mas é difícil manter a tradição nas gerações mais novas porque “há muito entretenimento e as coisas do mundo tornam-se mais importantes do que as religiosas”.

O regresso ao país de origem e o ambiente criado em torno das grandes peregrinações acentuam emotividade: “Hoje chorei com muitas saudades”, diz a emigrante, acrescentando: “Estou muito feliz por estar aqui a celebrar”.

Entrevistada junto à Capelinha das Aparições, diante dos milhares de peregrinos que ao entardecer do dia 12 de maio se juntavam no recinto do santuário, Dolores Gananza não tem dúvidas: “Em Portugal a fé existe e está a crescer”.

PRE/RM

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Agência ECCLESIA

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