Cardeal canadiano preside às celebrações deste ano da peregrinação internacional aniversária de agosto
Fátima, 12 ago 2019 (Ecclesia) – O cardeal Marc Ouellet destacou hoje em Fátima a calamidade humana e social que está em curso, devido à crise de migrantes e refugiados que estão a bater à porta de Portugal, da Europa e das mais variadas regiões do mundo.
Na saudação inicial a Nossa Senhora e aos peregrinos, no começo da peregrinação internacional de agosto ao Santuário de Fátima, o prefeito da Congregação para os Bispos, da Santa Sé, que preside às cerimónias deste ano, aludiu às “caravanas de migrantes”, que “nunca foram tão numerosas como neste tempo perturbado por tantos males e ameaças”, e que integram também muitos cristãos perseguidos.
“Saúdo-vos fraternalmente na fé que nos une e penso particularmente naqueles e naquelas que sofrem pela sua condição de migrante, que choram pelas suas famílias e amigos que deixaram nos seus países de origem, que ainda não encontraram uma situação conveniente no país de adoção”, referiu D. Marc Ouellet.
Milhares de migrantes estão presentes no Santuário de Fátima para a peregrinação internacional aniversária de 12 e 13 de agosto, que evoca a quarta aparição de Nossa Senhora, a única das seis aparições da Virgem que não aconteceu na Cova da Iria.
Nesse dia os três videntes estavam retidos em Ourém, pelo que Nossa Senhora apareceu seis dias depois nos Valinhos, data que é assinalada no dia 19 de agosto, com um programa noturno próprio.
Durante a saudação inicial a Nossa Senhora e aos peregrinos, na Capelinha das Aparições, o cardeal Marc Ouellet destacou a importância de celebrar com os migrantes num lugar onde “a Mãe de Deus manifestou a sua ternura maternal e a sua intercessão pela paz da humanidade”.
“Fátima é um lugar privilegiado de graça, de consolo e de esperança. Unimo-nos à oração da Virgem Maria, à oração das santas crianças mensageiras Francisco e Jacinta, e à do Santo Padre, que não se cansa de chamar a atenção do mundo inteiro para o destino dos migrantes e dos refugiados”, assinalou.
O cardeal Marc Ouellet é canadiano, natural da província do Quebec, e é sacerdote da Companhia dos Padres de São Suplicio.
É doutorado em Teologia Dogmática pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma e foi feito cardeal em outubro de 2003, pelo Papa São João Paulo II.
É desde 2010 o prefeito da Congregação para os Bispos e Presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina.
No Vaticano, Ouellet já foi consultor da Congregação para a Doutrina da Fé e da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, membro da Commissão Interdicasterial Permanente para a Igreja na Europa Oriental.
Atualmente, é membro da Pontifícia Academia de Teologia.
A peregrinação internacional aniversária de agosto releva a tragédia que afeta hoje milhões de pessoas que estão a ser obrigadas a deixar as suas casas devido a problemáticas como a pobreza, a guerra e a perseguição étnica e religiosa.
Também nestes dias se faz memória do Muro de Berlim, construído de 12 para 13 de agosto de 1961, e dividiu a cidade de Berlim em duas, por um período de cerca de 30 anos, marcados pelo clima de guerra fria entre a Europa ocidental e a Europa de leste.
Durante a Procissão das Velas, haverá uma paragem e uma oração junto ao bocado do Muro que se encontra em Fátima e que foi oferecido por um português residente na Alemanha. O arranjo do monumento é do arquiteto José Carlos Loureiro.
Esta Peregrinação Internacional Aniversária, em Fátima, tem a particularidade de integrar também a Peregrinação Nacional do Migrante e Refugiado, um dos pontos altos do programa da 47.ª Semana Nacional das Migrações, promovida pela Igreja Católica de 11 a 18 de agosto, cujo tema é “Não são apenas migrantes”.
Agosto é, de facto, um dos meses em que Fátima recebe mais migrantes, sobretudo da diáspora portuguesa.
O início da peregrinação tem lugar no dia 12, às 18h30 na Capelinha das Aparições. À noite, haverá a recitação do Rosário, seguida da Procissão das Velas e Missa da Vigília, no Recinto de Oração, às 21h30 e 22h00, respetivamente.
A missa internacional no dia 13, começa às 10h00, e integrará a tradicional oferta do trigo, pelos peregrinos, no momento da apresentação dos dons, um ritual que se celebra desde 13 de agosto de 1940, quando um grupo de jovens da Juventude Agrária Católica, de 17 paróquias da diocese de Leiria, ofereceu 30 alqueires de trigo destinados ao fabrico de hóstias para consumo no Santuário de Fátima.
No ano passado, o Santuário recolheu 4.685 kg de trigo e 327 kg de farinha, oferecidos pelos peregrinos.
Em 2018 foram consumidos no Santuário: 1 220 000 partículas; 11.000 hóstias médias e 400 hóstias grandes.
As celebrações desta peregrinação têm transmissão em direto em www.fatima.pt.
JCP