O bispo auxiliar de Lisboa afirmou hoje a necessidade de reaprender a hospitalidade, sublinhando a necessidade de todos serem responsáveis pela «saúde, o bem-estar, a alegria e a salvação dos outros»
Fátima, 13 jun 2020 (Ecclesia) – O bispo auxiliar de Lisboa afirmou hoje a necessidade de reaprender a hospitalidade, sublinhando a necessidade de todos serem responsáveis pela “saúde, o bem-estar, a alegria e a salvação dos outros”.
“Uma das grandes lições que a humanidade aprendeu com o Covid-19 é que os nossos pequenos gestos podem ter uma consequência não só em relação a quem está próximo, mas também comunitária e mesmo até universal. Perante isto, todos teremos de reaprender a «gramática da hospitalidade»”, afirmou D. Américo Aguiar na homilia da celebração da peregrinação internacional aniversaria de junho, em Fátima.
A peregrinação internacional aniversária de junho voltou a juntar no Santuário de Fátima os peregrinos que, em maio, devido à pandemia do Covid-19 e às restrições para as celebrações litúrgicas, não puderam participar.
“E aqui chegamos, hoje… voltando, regressando… desconfinando…enchemos com as nossas preces este Altar do mundo, dirigimos o nosso olhar à imagem de Nossa Senhora de Fátima”, indicou.
O bispo auxiliar de Lisboa afirmou a hospitalidade como um “ato racional permanente de acolhimento do outro” necessário nesta altura.
“A nossa União Europeia, terá de perceber que já não basta ser aquela original comunidade económica e política, mas terá de dar o passo seguinte: ser uma verdadeira comunidade humana, mais hospitaleira, determinada no combate solidário às consequências económicas e sociais desta pandemia, decidida no acolhimento de todos e apostada no respeito pela casa comum que todos habitamos”, sublinhou.
O responsável deseja que a “solidariedade europeia” não seja “uma urgência pandémica” mas possa resultar da “identidade” do projeto europeu.
“Que a ajuda entre povos e países europeus não resulte do medo provocado por um vírus, mas seja um ímpeto do humanismo e da matriz cristã que caracteriza o velho continente. Só com essa determinação asseguramos o nosso futuro e o das gerações vindouras, feito cada vez mais do encontro entre povos, culturas e religiões”, indicou.
A celebração do 12 e 13 de junho acontece dias depois de cancelada a peregrinação das crianças que habitualmente junta no recinto de Fátima milhares de crianças.
D. Américo Aguiar desejou que no próximo ano a enchente volte a acontecer e sublinhou a importância de olhar para os mais pequenos e “aprender” com eles.
“Este é um grande risco que corremos, quando pensamos, que já nada temos a
aprender, sobretudo com as crianças. E recordo aqui a alegria de ver este recinto cheio de crianças a cada dia 10 de Junho. Este ano foi diferente, mas cá voltarão para o ano, se Deus quiser! Sim, voltarão…”, assegurou.
O celebrante pediu uma “nova fase da humanidade, a pós-globalização”, nascida a partir da certeza de que a santidade, “que é para todos”, “consiste em acolher com hospitalidade o outro, vítima do efeito socioeconómico” da pandemia.
“Não permitamos que nos dividam entre novos e velhos, pobres e ricos, brancos e pretos, do norte e do sul, azuis ou vermelhos, ou outras cores… não deixemos que a nossa velha Europa se queira esquecer, arrancar-se das suas raízes… até aqui chegamos, assim deste modo, à Pandemia”, sublinhou.
Neste contexto, “talvez possamos entender melhor a urgência de uma economia nova, de Francisco, que não mate”, indicou.
D. Américo Aguiar afirmou-se “emocionado” por regressar ao santuário e presidir à celebração do recomeço, anos depois de ter participado, como seminarista, no programa «um dia como peregrino».
“É o mundo inteiro que celebra aqui connosco esta Eucaristia, de mãos dadas com Maria”, sublinhou.
O bispo auxiliar de Lisboa quis lembrar, na celebração, as “autoridades do Estado, autarcas, profissionais de saúde, dos lares, IPSS e Misericórdias, famílias e cuidadores informais”, pessoas que “na linha da frente e de forma anónima” cuidam dos irmãos, e também os “concidadãos que faleceram”: “1505 nossos concidadãos que partiram no contexto desta pandemia e os sacerdotes que hoje estão na casa do Pai”.
LS