Fátima: Curso de Missiologia 2025 surge reformulado para se adaptar aos dias de hoje e regista «grande adesão»

Missionários da Consolata acolhem formação de uma semana, dedicada ao tema “Missionários de Esperança entre os povos», com novas cadeiras

Foto Agência ECCLESIA/MC, Curso Missiologia

Fátima, 27 ago 2025 (Ecclesia) – Os Missionários da Consolata, em Fátima, acolhem até sábado o Curso de Missiologia 2025, organizado pelos Institutos Missionários Ad Gentes (IMAG) em parceria com as Obras Missionárias Pontifícias, que este ano surge reformulado para atender às necessidades de hoje.

“Este curso já funciona desde 1992, há 33 anos. E este ano nós mudámos um bocadinho algumas cadeiras, que fazem mais sentido para o dia de hoje, e houve uma grande adesão”, afirma a irmã Maria de Fátima Machado, presidente dos IMAG em Portugal, em declarações à Agência ECCLESIA.

A religiosa explica que esta edição tem novos conteúdos como “A Missão na Igreja Sinodal”, tema que é aprofundado esta quinta-feira pelo padre Eduardo Duque, e “A Missão na Europa hoje”, assunto que será alvo da reflexão de Fernando Domingues, na sexta-feira, e que “atraiu muita gente”.

No sábado, os participantes são convidados a escutar uma tertúlia missionária sobre novas linguagens que, realça a presidente do IMAG, é “para jovens e não jovens”.

Foto Agência ECCLESIA/MC, Irmã Fátima Machado, presidente IMAG

“Hoje em dia penso que há um bocadinho esta dificuldade de sermos entendidos pelos jovens e pelas pessoas que não fazem parte da Igreja”, salienta.

Maria de Fátima Machado adianta que a alteração de cadeiras resulta da avaliação dos participantes e tendo em conta que hoje os missionários “vêm mais de fora para dentro do que de dentro para fora”.

“As pessoas estão contentes”, garante.

A presidente dos IMAG refere que o curso é frequentado por “muitos leigos”, mas a organização gostaria de “chegar a mais”, uma vez que esta é “uma formação muito boa para catequistas, para pessoas que estão envolvidas na Igreja”, mas “não só”.

Entre os formadores do Curso de Missiologia 2025, que tem como tema “Missionários de esperança entre os povos”, está o arcebispo de Braga, que aborda hoje a “Liturgia e Missão”.

“Os desafios continuam e exigem formação, porque quanto mais formação, maior a resposta a liturgia tem também para a missão hoje e a missão de se deixar interpelar pela liturgia que é vital, é decisiva na vida da Igreja Não é exclusiva, mas é decisiva porque é a própria Igreja em oração”, afirmou D. José Cordeiro, em declarações à Agência ECCLESIA.

Sobre o trabalho levado a cabo pelas conferências episcopais de cada país relativamente à enculturação, o arcebispo de Braga destaca que em muitos lugares este está a ser desenvolvido, “só que tem que ser muito bem articulado com a formação bíblica, pastoral, litúrgica, espiritual”.

“Não é adaptar por adaptar, mudar por mudar, mas sim com maior fidelidade ao Evangelho e como é que o Evangelho evangeliza a cultura e como é que o evangelizado evangeliza”, sustenta.

Ainda neste mês, D. José Cordeiro marcou presença no Jubileu dos 50 anos da Diocese de Sumbe, em Angola, e na ordenação de 28 padres, tendo esta sido a “celebração mais longa” que participou.

“Uma longa celebração que integra elementos locais, de uma maneira especial, na apresentação dos dons ou do ofertório, mas também com linguagens próprias na música litúrgica que está em grande desenvolvimento em Angola”, assinalou.

Foto Agência ECCLESIA/MC, D. José Cordeiro

O arcebispo de Braga viu com gratidão “a formação feita em Roma”, em Portugal e já em “seminários em Angola”, que “está a produzir abundantes frutos e a ser muito fecunda”.

“Há muito para fazer, mas já há muito está a ser feito e é com muita esperança que também colaboramos nessa mesma missão”, manifestou.

Regressar a Angola, país onde nasceu, é, para D. José Cordeiro, “voltar às fontes, voltar ao lugar” onde recebeu “o dom da vida e o dom maior da fé”, “voltar à fonte batismal”.

O arcebispo de Braga mostra-se contente por ver que há “o aumento de paróquias”, de vocações e assistir à evangelização a acontecer, “mais e melhor” do que aquilo que experimentou quando dali saiu há 50 anos, com 8 anos de idade.

D. José Cordeiro sublinha também a “formação dos seminários” e, sobretudo, “o espírito missionário que acontece” entre Portugal “e as dioceses de Angola”.

“O voltar ali é como que tocar a fonte maior da esperança, porque o batismo é esse berço da esperança e, para mim, foi algo indescritível”, descreve.

O Curso de Missiologia, que se iniciou na segunda-feira, é bienal, correspondendo 2025 ao 1º ano do ciclo, e dirige-se a todos os batizados, clérigos, leigos ou religiosos, que, querendo corresponder fielmente à sua vocação, procuram meios formativos em ordem à missão.

“Apresentar as bases bíblico-teológicas da missão ad gentes”; “percorrer as etapas mais importantes da história da evangelização e da reflexão missiológica”; “repensar a missão à luz do Vaticano II e dos documentos recentes do Magistério”; “apresentar exemplos concretos da práxis missionária atual” e “preparar para os desafios da inculturação e do diálogo do Cristianismo com outras religiões” são os objetivos da formação.

PR/LJ

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