Arcebispo brasileiro vai presidir às celebrações do 13 de maio, com mensagem de «esperança»
Fátima, 12 mai 2025 (Ecclesia) – O cardeal D. Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre (Brasil), alertou hoje em Fátima para a “crise das democracias do mundo” e das instituições de mediação internacional, sublinhando a necessidade de “esperança”.
“Estamos vivendo uma crise das democracias no mundo, percebemos que as instituições de mediação internacional também estão em crise: no contexto latino-americano a OEA, no contexto internacional a ONU, a Nato, os conflitos multiplicando-se mundo fora”, advertiu o responsável católico, que vai presidir à Peregrinação Internacional Aniversária de 12 e 13 de maio na Cova da Iria.
O presidente da Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB) mostrou-se muito grato pelo convite e apresentou-se aos jornalistas, em conferência de imprensa, como “peregrino de esperança”.
“Eu creio que, como peregrinos de esperança, nós temos algo a dizer ao mundo de hoje. Esperança para nós não é sinónimo de otimismo, é mais do que isto: é o inclinar-se para frente, buscar compreender o que o tempo e Deus está pedindo de nós, hoje, sem esquecer o pretérito. No contexto geopolítico que nós estamos vivendo, somos interpelados de uma forma ainda mais contundente”, indicou.
O cardeal brasileiro lamentou que o sonho de uma “sociedade integrada, integradora, de uma convivência pacífica talvez entre os povos”, surgido no início da década de 90 do século XX não se tenha realizado.
“É nesse contexto que hoje nós, como batizados e batizadas, nos encontramos. E é nesse contexto que somos chamados a ser sal da terra, a luz do mundo, fermento na massa, se quisermos, peregrinos de esperança”, acrescentou.
O presidente da CNBB mostrou-se impressionado pelo “silêncio”, em Fátima, e destacou o ambiente especial dos santuários marianos: “Na casa da Mãe tudo é diferente”.
“Aqui existe um mistério, aqui existe algo que encanta”, insistiu.
D. Jaime Spengler assumiu a intenção de promover, junto dos peregrinos, uma “experiência de fé” e apresentar “possíveis sendas para a construção de um mundo melhor”.
O cardeal brasileiro falou da necessidade de valorizar o papel das mulheres, como foi pedido pelo Sínodo especial para a Amazónia, em 2019, e sublinhou que a mudança climática exige um “esforço de todos”, para assegurar um futuro às novas gerações.
“Existe um caminho longo, exigente, desafiador, marcado por um sentido de corresponsabilidade social imenso”, indicou.
A intervenção recordou que o Estado do Rio Grande do Sul, localizado no sul do Brasil, sofreu um grande impacto das chuvas e inundações, entre o final de abril e maio de 2024.
“Temos cidades que não foram reconstruídas, até hoje”, observou, acrescentando que todas as paróquias se mobilizaram numa “onda de solidariedade” que considerou única, na história brasileira.
O presidente da CNBB e do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM) foi criado cardeal pelo Papa Francisco no consistório de 07 de dezembro de 2024, tendo participado na recente eleição de Leão XIV.
OC