Fátima: Cardeal Jaime Spengler alerta para «autoritarismos» e «fundamentalismos», que se alimentam do medo

Arcebispo brasileiro deixa convite à esperança, juntando-se à multidão para cantar à Virgem Maria

Fátima, 13 mai 2025 (Ecclesia) – O cardeal D. Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre (Brasil), disse hoje em Fátima que a humanidade vive “tempos delicados, tensos”, que se alimentam do “medo”.

“Tempos em que, talvez, alguns só pensam em si. Tempos de autoritarismos, de vários matizes. Tempos de fundamentalismos que não promovem a vida. Tempos em que a casa comum clama por cuidado. Tempos, tempo carente de abertura para o outro e abertura para a solidariedade. Tempo carente de esperança”, referiu o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, na Missa conclusiva da peregrinação internacional do 13 de maio.

O responsável católico pediu aos milhares de peregrinos que enfrentaram a chuva, na Cova da Iria, oração por um “um coração bom, capaz de acolher sempre e de novo”, à imagem de Jesus, por intercessão da Virgem Maria.

“Não tenhas medo! Hoje nós vivemos numa sociedade marcada pelo medo: medo de guerras, medo de migrantes, medo de não conseguir levar a termo a vida assumida, medo de cair doente, medo de morrer, medo uns dos outros”, advertiu.

“E Nossa Senhora continua a te dizer, a me dizer, a nos dizer: não tenhas medo, eu sou a tua Mãe”, acrescentou.

O cardeal Jaime Spengler agradeceu o convite para presidir às celebrações do 13 de maio, desafiando os presentes a “acolher a palavra” de Jesus e “dar-lhe corpo, na própria carne”, como fez Maria.

Maria é mãe! Mãe constitui um modo de ser que cobre toda a existência. Pertence à maternidade a participação no crescimento do filho, em sua educação, na definição de seu sentido de vida, no destino histórico a ser assumido. A verdadeira mãe, a mãe autêntica, continua a gerar o seu filho até a sua morte, é sempre mãe. Assim foi Maria de Nazaré”.

 

A homilia apresentou Maria como “mulher de fé”, precisando que “progredir na fé, avançar nesta peregrinação espiritual que é a fé, não é senão seguir Jesus, o Filho Amado, ver como Ele se comporta e pôr os pés nas suas pegadas”.

O responsável católico assinalou ainda que a devoção mariana “não é um capricho religioso”, “mas uma exigência de nossa vida cristã de batizados e batizadas, de filhos e filhas”.

“Em nossa prática religiosa e na devoção a Maria, nos damos conta que precisamos de um coração de mãe, um coração que saiba perceber a ternura de Deus e ouvir as palpitações do coração de todo ser humano. De todo ser humano, de todo ser humano!”, apelou.

O presidente da CNBB elogiou a presença de milhares de pessoas que, “mesmo debaixo de chuva”, estiveram na Cova da Iria como “peregrinos de esperança”, convidando a multidão a cantar o ‘Ave de Fátima’, durante largos minutos, mulheres e homens, à vez, e depois todos juntos, num momento sublinhado por um aplauso da multidão.

Para esta celebração anunciaram a sua inscrição, nos serviços do Santuário de Fátima, 173 grupos de peregrinos para o dia 13 de maio, oriundos de cerca de 35 países dos cinco continentes.

A peregrinação conta com a presença de duas dezenas de bispos, entre eles três cardeais.

Depois da vigília de oração, ao longo da última madrugada, o programa desta terça-feira iniciou-se com a recitação do Rosário pelas 09h00, na Capelinha das Aparições, de onde parte, às 10h00, a procissão, para o altar do Recinto de Oração, para a celebração da Missa, com bênção dos doentes, consagração do pontificado de Leão XIV a Nossa Senhora de Fátima e a procissão do adeus.

A animação musical das celebrações é assegurada pelo Coro e Solistas do Santuário de Fátima e ‘Schola Cantorum’ Pastorinhos de Fátima, acompanhados pelo quinteto de metais ‘FiveWays’ e pelo organista Silvio Vicente, sob direção do maestro Ricardo Luís Campos.

Foto: Santuário de Fátima

Na noite de 12 maio foi apresentado o cântico ‘Salve, Senhora da Esperança’ e hoje estreia a obra ‘Confiamos em Cristo, nossa Esperança’, ambras do compositor Fernando Lapa, criadas a pedido do Santuário de Fátima.

Durante a Missa desta manhã, os peregrinos dos cinco continentes rezaram pelo Papa, por “uma nova terra, onde reine a paz”, pelos doentes e pelos que celebram o Jubileu dedicado à esperança.

O cálice usado na Eucaristia, em prata dourada, foi oferta do Papa Francisco, por ocasião da sua peregrinação à Cova da Iria, no dia 13 de maio de 2017, como forma de assinalar a eleição de um novo pontífice, Leão XIV.

OC

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