Fátima: Caminhada pela paz lembrou crianças vítimas da guerra na Ucrânia

«O sofrimento dos inocentes é uma voz abafada que deveria ter eco» – Padre Almiro Mendes

Foto: Agência ECCLESIA/PR

Fátima, 16 abr 2022 (Ecclesia) – Uma caminhada pela paz, realizada esta sexta-feira em Fátima, começou com uma homenagem às crianças mortas na guerra na Ucrânia, “condenadas à morte por tantos pilatos”, no Santuário da Nossa Senhora da Urtiga.

“Queridas crianças da Ucrânia em conflito e do mundo em guerra, ficai sabendo que morais no melhor lugar do nosso coração e que todos os que aqui estamos sofremos quando vemos que o nosso nada, até o desta caminhada da paz, é o tudo que temos para vos dar e para atirar à cara, porca e desavergonhada, dos senhores, feios e polutos, que fazem a guerra. Só merecem um nome: Herodes!”, lê-se na homenagem às crianças mortas na guerra, enviado à Agência ECCLESIA pelo padre Almiro Mendes.

No início da caminhada pela paz, o texto alertou que as “enormidades” que a guerra produz nas “inocentes criancinhas” que deviam mobilizar que desatassem “aos berros que abalassem o céu e estremecessem a terra”.

“Persegue-me e atormenta-me a imagem daquela criança ferida e jazida no chão funesto que a bomba fratricida beijou. As bombas beijam como judas e matam sempre inocentes, como Cristo o foi”, explica.

O texto assinala que as meninas merecem “bonecas com cabelos grandes, do tamanho do amor”, e os meninos “logram carrinhos da marca Porsche, rápidos como o vento da ternura”, mas são-lhes oferecidos granadas e mísseis.

“Não lhes devíamos fazer mal”, realça.

A Caminhada pela Paz, realizada esta sexta-feira, foi uma iniciativa de leigos coordenados e animados pelo padre Almiro Mendes, da Diocese do Porto.

“Todos se abraçaram nesta causa que é a mais nobre de todas, a paz, a paz no mundo e particularmente na Ucrânia; A guerra é sempre uma indignidade humana, a guerra tira e rouba a dignidade”, disse o sacerdote à Agência ECCLESIA.

Foto: Agência ECCLESIA/PR

Esta iniciativa, de sete quilómetros, começou às 09h30 no Santuário de Nossa Senhora da Urtiga, situado nas imediações da igreja matriz de Fátima, passando pelos Valinhos, até ao Santuário de Fátima; Ao longo do itinerário foram feitas curtas pausas, pontuadas por cânticos e pela leitura performativa de textos poéticos.

Na homilia, na Capelinha das Aparições, o padre Almiro Mendes explicou que o sofrimento dos inocentes “é uma voz abafada que deveria ter eco, ao longe e ao perto”, mas que vai morrendo, estrangulada, “nos braços da indiferença” de tantos que tornam surdos os ouvidos, insensíveis os corações e “bloqueada a consciência, não se preocupando com o mar de desespero em que tantos naufragam”.

O sacerdote da Diocese do Porto disse aos presentes que lhes era pedido “apenas” nunca descerem “ao chão ruim e funesto da indiferença”, e a caminhada pela paz já era “um grito contra a indiferença”.

Segundo o padre Almiro Mendes, “a indiferença tem uma irmã gémea que é a hipocrisia”, e ser indiferente aos problemas do mundo e concretamente da guerra, na Ucrânia ou noutras latitudes, “é alienar-se e deixar à deriva o curso da história”, quando devem “delinear-lhe os contornos e a dar-lhe consistência”.

“Por isso aqui estamos todos. Não para sermos indiferentes, mas para sermos diferentes, no sentido da nossa compaixão”, acrescentou na homilia proclamada no Santuário de Fátima.

A Caminhada pela Paz apresentou-se como “transversal” a toda a sociedade, querendo unir pessoas crentes e não-crentes, crianças, jovens e adultos, cidadãos da Ucrânia e portugueses, provenientes de diversas áreas.

CB

 

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Agência ECCLESIA

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