Milhares de pessoas enfrentaram chuva na Missa da vigília da peregrinação de agosto
Fátima, Santarém, 12 ago 2014 (Ecclesia) – O bispo do Porto disse hoje em Fátima que a Igreja e a sociedade devem valorizar sempre o contributo dos emigrantes, convidando ao acolhimento positivo dos “novos surtos” migratórios.
“O Evangelho de hoje convida-nos a olhar com o olhar de Deus o íntimo das pessoas e a ir ao encontro das novas periferias existenciais e sociais, habitadas por novos surtos de emigrantes que batem às portas, tantas vezes fechadas, da Europa e do Mundo”, declarou D. António Francisco dos Santos, na homilia da Missa da vigília da peregrinação de agosto ao santuário da Cova da Iria.
O responsável sustentou que a história do mundo “nunca se fará à margem da emigração e sem os emigrantes" nem o futuro da humanidade “se poderá pensar contra os emigrantes”.
“A Igreja tem, também, esta missão: lembrar ao mundo e a cada povo que trazemos em nós as marcas de povos estrangeiros e transportamos connosco as dores e os valores, as lágrimas e os êxitos, os testemunhos de vida e de trabalho e a memória da coragem e da fé dos emigrantes”, assinalou.
Perante milhares de pessoas reunidas, debaixo de chuva, o presidente da celebração convidou a rezar “pelos cristãos perseguidos do Iraque, da Nigéria e da Índia”.
“Queremos e devemos rezar com acrescida comunhão pela Palestina, pela Síria, pela Ucrânia e Israel e por todos os países e povos onde a paz demora tanto a chegar”, acrescentou.
O bispo do Porto defendeu que na Igreja Católica “não pode haver estrangeiros” e que todos são chamados a cumprir a sua missão “a favor dos pobres, dos estrangeiros, dos exilados, dos refugiados, das vítimas de tráfico humano”.
“A exemplo do samaritano do Evangelho, devemos, também nós, ser acolhedores, hospitaleiros e cuidadores dos que vivem perto e dos que vêm de longe. Atentos aos vizinhos e aos de fora”, prosseguiu.
D. António Francisco dos Santos, que foi pároco da comunidade portuguesa de São João Batista, em Neuilly-sur-Seine (França), entre 1974 e 1978, recordou a sua experiência como “filho e neto de emigrantes” no Brasil, onde morreu o seu pai.
“Há horas na vida de emigração, em que só Deus nos pode ajudar e em que só Deus nos basta! Há momentos na vida dos pobres em que mesmo aqueles que pensam estar a ajudar ofendem! Compreendemos, por isso, que sejam os pobres aqueles que mais recorrem a Deus e mais precisam de encontrar verdadeiros irmãos”, declarou.
O prelado elogiou o percurso de vida dos emigrantes que “na procura de uma vida digna e de um trabalho honesto” e a sua capacidade de “valorizar os lugares de serenidade e de tranquilidade”, como Fátima.
“O Santuário de Fátima tem sido, ao longo destes 97 anos, escola do Evangelho, onde se aprende a hospitalidade, onde se vive a fraternidade, onde se experimenta a proximidade da fé, onde se afirma a força de Deus que anima tantas vidas, ajuda tantas famílias, alivia tantas dores e acalenta tantos sonhos”, precisou.
D. António Francisco dos Santos concluiu com novo pedido de oração, “pelos vivem longe da paz e da pátria, pelos que procuram o bem e a justiça e pelos que anseiam pela liberdade e pela fraternidade”, antes de recordar a próxima viagem do Papa Francisco, que esta quarta-feira parte de Roma rumo à Coreia do Sul.
OC