Devoção mariana começou cedo na vida do padre Tony Neves que o acompanhou em terras de missão
Fátima, 12 mai 2017 (Ecclesia) – O padre Tony Neves, Provincial dos Missionários Espiritanos em Portugal, sente-se um jornalista-peregrino e recorda a sua ligação a Fátima desde cedo na sua vida.
“Rezo o terço desde o colo, pois essa era uma tradição de família. Ao entrar no seminário com 11 anos, nunca interrompi este elo com Nossa Senhora e nem sequer me recordo da primeira vez que fui a Fátima”, afirma em declarações À Agência ECCLESIA.
Em 1989, caiu o Muro de Berlim e o P. Tony Neves aterrou no Kuito Bié, uma ilha “com alguma calma no coração de uma guerra cruel”, a civil de Angola que só terminaria em 2002.
No Kuito, a primeira responsabilidade pastoral foi a da paróquia de Fátima, cujo bairro periférico tinha uma Igreja a funcionar numa velha carpintaria desativada desde o fim da era colonial, local onde se deslocava diariamente.
“Havia uma leprosaria e gente que nunca mais acabava. Eram tempos críticos de fome e repressão e as pessoas acreditavam muito na força materna da Senhora de Fátima”, relembra.
O padre Tony Neves foi, em 1990, nomeado para os Seminários do Huambo, residindo nas proximidades da Igreja de Nossa Senhora de Fátima, “um grande santuário mariano construído por um Espiritano devoto de Nossa Senhora”.
“A guerra arrasou a cidade do Huambo em 1993 mas a Igreja de Fátima foi mais ou menos poupada. Tirando telhas, portas, janelas e vitrais, tudo o resto foi respeitado pelos militares e pelas ondas de pilhagens dos civis”, relembra.
Quando no ano passado regressou a Kuito e ao Huambo sentiu reforçada a devoção a Nossa Senhora de Fátima.
“No Kuito está a ser construída uma grande Igreja e a do Huambo está toda recuperada. As celebrações enchem sempre estes enormes espaços litúrgicos”.
Também nas visitas provinciais, o missionário espiritano encontrou grande devoção a Nossa Senhora de Fátima, em especial junto da catedral de Nampula e do Santuário de Namaacha, nas proximidades de Maputo.
O P. Tony Neves recorda o belíssimo santuário a céu aberto no Morro do Monte Chibango, no Chinguar, a meio caminho entre o Huambo e o Kuito-Bié.
“No tempo colonial, os portugueses colocaram lá uma enorme estátua de Nossa Senhora de Fátima, em pedra e, apesar do local ter sido tomado de assalto pelas tropas do MPLA, cubanas e da UNITA, a imagem foi sempre respeitada”.
Mais recentemente foi construída uma Igreja e transformou-se o espaço num santuário mariano, local onde por estes dias milhares de peregrinos se juntam para a celebração do 12 e 13 de maio, em honra de Nossa Senhora de Fátima, sob a presidência de D. José Nambi, o Bispo do Kuito-Bié.
Em Portugal, indica o padre Tony Neves, quase todos os caminhos vão dar a Fátima, “seja por devoção e por obrigação”.
“Muitas vezes é simples peregrino, inserido na Peregrinação da Família Espiritana ou no Fátima Jovem, outras vezes em trabalho, nas reuniões da Comissão Episcopal de Missão e Nova Evangelização, nas reuniões do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil, na Semana de Estudos sobre a Vida Consagrada, as Jornadas Missionárias Nacionais”.
LS