Peregrinos destacam oportunidade de ver o Papa e de celebrar o centenário das Aparições
Fátima, 11 mai 2017 (Ecclesia) – O Santuário de Fátima começa hoje a pintar-se com as cores dos cincos continentes e de milhares de peregrinos que acorreram à Cova da Iria para participar na comemoração do Centenário das Aparições, com o Papa Francisco.
Sérgio e Miriam vieram de São Paulo, no Brasil, para viver esta festa num ano “especial”, já que em 2017 assinalam-se também os 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida.
“Espero que amanhã consigamos ver o Papa à noite, mas se não conseguirmos vê-lo, vamos estar em qualquer canto a escutar a mensagem dele”, salienta Sérgio.
Para Miriam, a oportunidade de encontrar o Papa é mesmo o ponto alto desta vinda a Portugal.
“É um Papa argentino, está pertinho da gente, nosso vizinho. A Igreja tem de se renovar, o mundo mudou e ele está fazendo as mudanças necessárias. Eu vejo nele um Papa especial”, salientou.
Em termos pessoais, este casal de peregrinos trouxe também a Fátima a oração pela atual situação social e política do seu país.
“O brasileiro é muito bom, ele não merece o que está a acontecer no seu país. Tem muita gente sofrendo, passando necessidade por causa dos nossos políticos”, lamentou Sérgio Franco.
Do continente americano passamos para África, ao encontro de Jean Marie, do Senegal, e de três peregrinas vindas da África do Sul, Mandi, Kia e Nweguema.
Jean Marie teve ocasião de estar no Santuário em 2010 com o Papa Bento XVI, e mais recentemente de ir a Roma em novembro de 2016, com Francisco.
A peregrina destaca “a mensagem de paz” e o desafio à “conversão do coração” que emana dos Papas e de Fátima, neste caso reforçada com “a canonização de Francisco e Jacinta Marto”.
“Há quatro ou cinco anos eu e o meu marido confiámos os nossos quatro filhos a Francisco e a Jacinta e agora é com grande alegria que vemos que estes beatos vão ser canonizados”, frisa Jean Marie.
Mandi, Kia e Nweguema chegaram de Joanesburgo e da região de Pretória, na África do Sul, integradas num grupo de cerca de 30 peregrinos.
“Cada uma de nós traz a sua cruz, da sua terra, da família, de outros problemas, de que esperamos a intercessão de Maria”, confidencia Mandi.
“Ver aqui tantas pessoas juntas é realmente uma inspiração”, acrescenta Kia, que contactou com a história do Santuário de Fátima ainda jovem.
“Foi nos meus 20 anos, e pelo menos agora vou poder seguir aqui os 100 anos desse acontecimento. E pedir paz para África. Que a paz possa prevalecer no meu país”, completou.
Nweguema, que está pela primeira vez em Fátima, diz-se “já espiritualmente revitalizada, só por estar no Santuário”.
Diante deste ‘altar do mundo’ e do Papa Francisco, esta peregrina quer rezar também pelo “fim da pobreza” no continente africano.
Ao sentirmos o pulso aos peregrinos que começam a encher o Santuário de Fátima, deparamo-nos também com um grupo vindo da Irlanda.
“É um local muito pacífico, costumamos vir durante uma semana e é uma excelente semana”, realça Jared, para quem acontecimentos deste género mostram também que “a Igreja Católica permanece viva, apesar da controvérsia que a tem rodeado”.
Já Eileen, outra estreante em Fátima, enaltece o contexto que encontrou, a comunhão entre “todas as pessoas, de todas as nacionalidades”.
“Eu estava ansiosa por ver como era e não fiquei desapontada”, refere a peregrina que gostou muito do ambiente da noite.
“A oração do Rosário, em diferentes línguas embora todas respondam na sua língua, é muito muito especial”, sustenta.
Frances é irlandesa mas vive em Londres, no Reino Unido, e não deixou de comentar a situação na nação que a acolheu e onde vive, depois do ‘brexit’, da saída da União Europeia.
“Penso que o país vai sofrer, porque as pessoas votaram sim apenas porque não queriam a entrada de refugiados da Síria ou de outros territórios que estão a vir. E por isso votaram a saída”, realça esta emigrante, que recorda que todos podem ter que viver, a dado ponto da vida, como estrangeiros num país diferente.
“Entre os anos 20 e 50 do século XX, o povo irlandês emigrou para Inglaterra e para os Estados Unidos da América, tal como agora está a acontecer com os sírios. E temos de aceitar isso”, conclui.
JCP