Bispo de Lamego recorda postura «peregrina, a caminho, crente e orante» de Francisco
Lamego, 16 mai 2017 (Ecclesia) – O bispo de Lamego considera que o Papa Francisco reforçou em Fátima a importância de uma Igreja Católica centrada no “essencial”, através de uma postura “peregrina, a caminho, crente e orante”.
“Seria mais fácil, mais óbvio, responder aos aplausos das pessoas, mas tudo aquilo que era secundário, ele fazia com que a multidão se apercebesse disso, e rapidamente a interrompia, com a sua oração, a sua comoção”, disse hoje D. António Couto à Agência ECCLESIA, numa análise à passagem do Papa argentino pela Cova da Iria, durante a comemoração do Centenário das Aparições.
De acordo com aquele responsável católico, em todos os seus gestos, Francisco “deu volumetria à sua condição de crente e à firmeza da sua fé”, sem deixar também de “manifestar a fragilidade que brota dos seus 80 anos”, numa imagem de “humanidade dorida e sofrida”.
A maneira como passou e caminhou no meio de centenas de milhares de pessoas, de forma “não segura mas segurada”, falou mais do que “muitas palavras que pudesse ter dito”, por desafiar à “confiança em Deus e na Mãe de Deus”, realça D. António Couto, que lembrou também as referências do Papa à paz.
A uma “flor que pode desabrochar se a humanidade lhe der espaço”, completou.
O bispo de Lamego revisitou depois a deslocação do agora Papa emérito Bento XVI ao Santuário de Nossa Senhora Aparecida (Brasil) em 2007.
Se há 10 anos, Bento XVI tinha deixado a mensagem ‘a Igreja é a nossa casa, esta é a nossa casa’, agora em Fátima o Papa Francisco usou a expressão ‘temos mãe’.
“A casa que Bento XVI tinha dito que era a Igreja, Francisco agora encheu-a com a Mãe, dizendo que esta casa não está vazia, enlutada, não está à venda, abandonada, mas está cheia de afeto, de intuição, de devoção maternal”, salientou D. António Couto.
Para o bispo de Lamego, desta forma “o Papa encheu o Santuário com a palavra mãe no seu verdadeiro sentido e não naquelas coisas em que o povo simples vai”.
“Cada um tem a sua maneira de fazer e de dizer, mas o Papa reduziu-a mais uma vez ao essencial”, concluiu.
JCP