Entrevista ao programa «70×7»
Fátima, 12 out (Ecclesia) – O bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto, disse à Agência ECCLESIA que a celebração do Centenário das Aparições promoveu uma reconfiguração de Fátima, em torno da “redescoberta da mensagem”
“[O Centenário] Deixa as coisas diferentes no sentido em que foi uma redescoberta da mensagem, uma passagem daquela atenção só aos segredos e às devoções para o coração da mensagem, vista na sua globalidade”, refere, numa entrevista que vai ser emitida hoje, pelas 13h30, no Programa ‘70×7’ (RTP2).
O responsável apresenta Fátima como escola de “santidade popular”, “acessível e possível a todos”, e confessa que a canonização dos pastorinhos Francisco e Jacinta Marto, a 13 de maio, foi “um momento comovente”, revelando que chegou a solicitar a dispensa do milagre ao Papa Francisco, o qual lhe pediu que se procurasse seguir a “via normal”, como acabou por acontecer.
A vinda do Papa à Cova da Iria, acrescenta, como uma “graça”, que “superou todas as expectativas”, inclusive as do próprio pontífice.
D. António Marto realça a mensagem da “revolução da ternura” deixada pelo Papa em Fátima, para contrariar a “cultura da indiferença”, a que se contrapõe a capacidade de “sofrer com o outro”.
O entrevistado fala num “privilégio, uma graça” por ter sido o bispo de Fátima no Centenário das Aparições, com “uma nova comunicação e linguagem de Fátima para o mundo de hoje”.
“Foi agora que se chegou a esta dimensão, havia uma visão fragmentada da mensagem de Fátima, digamos assim”, assinala.
O bispo de Leiria-Fátima adianta que, a curto prazo, os responsáveis pelo Santuário vão procurar “consolidar os dinamismos criados por este centenário”, já com um plano para os próximos três anos.
Neste período, vai ser proposta uma visão de Fátima como “um dom para a Igreja e a humanidade”, passando pela causa da paz e do cuidado da “casa comum”, a dimensão ecológica, bem como “para a renovação da Igreja”.
Outro aspeto será a relação entre “eclesialidade e peregrinação”, para que Fátima seja vivida “como uma realidade eclesial onde as pessoas fazem a experiência de ser Igreja”, não apenas num “aspeto individual”.
“A peregrinação é uma dimensão muito bela: quem sai da sua casa, sai de si mesmo. É um caminho interior, não se peregrina só com os pés”, prossegue D. António Marto.
O bispo sublinha que Fátima “acompanha sempre os tempos, a história”, pelo que esse será o caminho nos próximos anos.
HM/OC