Peregrinos chegam à Cova da Iria, em ano marcado pelo regresso das multidões
Fátima, 12 out 2023 (Ecclesia) – O Santuário de Fátima recebe milhares de peregrinos para as celebrações do 13 de outubro, num ano marcado pelo regresso das multidões à Cova da Iria e pelos ecos da recente Jornada Mundial da Juventude.
Camille Foletto, jovem brasileira a residir em Aveiro, participou na JMJ Lisboa 2023, com a comunidade “Olhar Misericordioso”, do seu país natal, e referiu à Agência ECCLESIA que ainda está a absorver esta experiência.
“É muito importante, como juventude, continuar a testemunhar o amor de Cristo”, disse, envergando a t-shirt do encontro mundial.
A peregrina vivia em Fátima “um dia especial” dado ser dia de celebrar Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, cuja imagem foi entronizada junto a uma das entradas na Cova da Iria, em 2015.
A respeito das celebrações do último mês de agosto, em Portugal, Camille Foletto assume a inspiração do Papa para “olhar para todos com o mesmo olhar de misericórdia” de Jesus, acolhendo as pessoas.
Para a entrevistada, a presença do cardeal D. Américo Aguiar, da Fundação JMJ, como presidente da peregrinação de outubro, é uma forma de “dar continuidade” à vivência da Jornada, com a presença de peregrinos de vátios países.
O padre Ricardo Figueiredo, do Patriarcado de Lisboa, passou hoje por Fátima antes de partir rumo aos EUA, onde vai ficar durante um ano, para um pós-doutoramento em antropologia teológica.
“Na casa da Mãe encontramos sempre este acolhimento, sabendo que não vou por conta própria, vou por conta da Igreja. Não há melhor forma de partir do que acompanhado por esta bênção da nossa Mãe do Céu”, referiu à Agência ECCLESIA.
O sacerdote é autor do livro ‘Não eu, mas Deus – Biografia espiritual de Carlo Acutis’ (1991-2006), jovem beato que foi um dos padroeiros da JMJ 2023, falecido precisamente há 17 anos.
“Os santos são testemunho de que também os jovens podem levar Deus a sério, não é algo só para os adultos, para os crescidos, para os velhos. É algo que começa já hoje: a juventude pode ser santa, com um novo sabor, uma nova forma de viver na santidade que Deus oferece”, observou.
Em Fátima, acrescentou o padre Ricardo Figueiredo, os jovens vão encontrar um “convite à transformação”, na senda do que aconteceu no encontro mundial de Lisboa.
“Mais do que um evento, a Jornada Mundial da Juventude foi um acontecimento, tem de ser ago que muda a vida das pessoas, que muda a vida da Igreja”, apontou.
O reitor do Santuário de Fátima, padre Carlos Cabecinhas, explicou que o convite a D. Américo Aguiar, criado cardeal a 30 de setembro, tinha também o objetivo de “manter o tema da JMJ Lisboa presente no horizonte da Igreja em Portugal e de Fátima”.
O sacerdote precisou que, entre 1 de maio e 10 de outubro deste ano, estiveram na Cova da Iria cerca de 4,4 milhões de peregrinos.
Segundo o santuário nacional, “a chegada de peregrinos ao Santuário de Fátima, muito visível já na tarde de ontem, acentuou-se na manhã de hoje”.
Até às 17h30 deste dia 12, fizeram-se anunciar nos serviços do Santuário 114 grupos de peregrinos de 32 países: Portugal, Alemanha, Angola, Áustria, Bélgica, Brasil, Camarões, Canadá, Congo, Costa do Marfim, Croácia, El Salvador, Eslováquia, Espanha, EUA, Filipinas, França (e ilha da Reunião), Haiti, Irlanda, Itália, Luxemburgo, México, Noruega, Países Baixos, Peru, Polónia, Reino Unido, Senegal, Singapura, Suíça, Ucrânia e Vietname.
Carlos Costa, presidente da Direção da ABARCA – Associação Braço Amigo Relação de Confiança e Amor, que apoia famílias carenciadas, já esteve 12 vezes como peregrino em Fátima e chegou a Fátima, após cinco dias de caminho, a pé, com 20 elementos da associação.
“Somos católicos, com grande devoção a Nossa Senhora de Fátima e é por isso que viemos cá”, indica à Agência ECCLESIA.
O entrevistado assume a sensação “inexplicável” ao chegar à Cova da Iria, momento em que “tudo passa”.
A peregrinação de outubro vai ser presidida pelo bispo eleito de Setúbal, o que dá um significado especial às celebrações.
“Ficamos satisfeitos”, admite Carlos Costa, sublinhando o “alento” que a diocese sadina recebe pela chegada de um bispo jovem.
Maria Félix, da Paróquia de Buarcos (Figueira da Foz), tem três décadas de peregrinação ao Santuário de Fátima, e explica à Agência ECCLESIA o que a motiva a regressar: “O amor a Nossa Senhora, para que nos ajude, com o seu Filho, e dê paz ao mundo”.
Os paramentos utilizados durante as celebrações do 13 de outubro são os mesmos que foram desenhados para a Jornada Mundial da Juventude 2023.
A peregrinação internacional começa hoje com a recitação do terço, às 21h30, na Capelinha das Aparições, seguindo-se a procissão das velas e uma celebração da Palavra; esta sexta-feira, dia 13, depois do Rosário, às 09h00, tem lugar a Missa internacional, às 10h00, com bênção e a palavra aos doentes, terminando com a procissão do adeus e a consagração a Nossa Senhora.
CB/OC
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