FAO: Papa critica abandonos do Acordo de Paris e alerta para efeitos das alterações climáticas no drama da fome

Roma, 16 out 2017 (Ecclesia) – O Papa visitou hoje a sede da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), em Roma, onde alertou para os efeitos das alterações climáticas no drama da fome, criticando quem abandona o Acordo de Paris.

“Vemos as consequências das mudanças climáticas todos os dias. Graças aos conhecimentos científicos, sabemos como se devem enfrentar os problemas e a comunidade internacional tem elaborado também os instrumentos jurídicos necessários, como, por exemplo, o Acordo de Paris, do qual, infelizmente, alguns se estão a afastar”, disse, na celebração do Dia Mundial da Alimentação.

Francisco não se referiu a qualquer país em particular; o caso mais mediático de abandono do Acordo de Paris foi o dos EUA, por decisão do presidente Donald Trump.

Firmado em 2015, durante a Conferência do Clima em Paris, França, o ‘Acordo de Paris’ estabeleceu a importância da adoção de modelos económicos que reduzam as emissões de dióxido de carbono e gases com efeito de estufa, responsáveis pelo aquecimento global e pelas alterações climáticas.

Por ocasião do Dia Mundial da Alimentação, que este ano se propõe refletir sobre o tema ‘Mudar o futuro da migração’, Francisco inaugurou uma estátua que evoca o pequeno Aylan, a criança síria encontrada sem vida à beira-mar, numa praia da Turquia, cuja imagem correu o mundo.

“As mortes por causa da fome ou do abandono da sua própria terra são uma notícia habitual, com o risco de provocar indiferença”, advertiu o Papa.

O encontro na sede da FAO contou com a presença dos ministros da Agricultura dos países do G7.

O Papa apelou a uma maior responsabilidade “a todos os níveis” para garantir o direito à alimentação, evitando que as pessoas tenham de deixar a sua terra.

“Diante de um objetivo de tal envergadura, está em jogo a credibilidade de todo o sistema internacional”, declarou.

Francisco apelou a um “desarmamento gradual e sistemático” para travar os conflitos e o tráfico de armas.

O discurso alertou para o desperdício de alimentos e para a especulação financeira com estes bens, pedindo uma “mudança de rumo” que inclua o “amor” como categoria da linguagem da cooperação internacional.

“O amor inspira a justiça e é essencial para levar a cabo uma ordem social justa, entre realidades diferentes que aspiram ao encontro recíproco”, precisou.

A intervenção lamentou a falta de ação concertada para ajudar as vítimas da pobreza e da exclusão, da violência e das calamidades naturais, criticando o “açambarcamento de terras” e a corrupção.

OC

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Agência ECCLESIA

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