Fanatismo religioso não assusta cristãos na Índia ” O fanatismo religioso não tem futuro na Índia. Estou optimista: a Índia é um grande país, com uma milenária tradição de tolerância. O fanatismo esconde questões de natureza política, social, económica”. A declaração é de D. Telephore Toppo, Arcebispo de Ranchi, estado de Jharkhand, na Índia Oriental, e Presidente da Conferência dos Bispos Latinos da Índia (CCBI), em uma entrevista à agência Fides aquando da sua passagem por Roma para a visita “ad limina apostolorum”. Sobre o debate em curso na Índia entorno da aprovação da lei anti-conversão em alguns Estados da federação, o Arcebispo disse que “os grupos fundamentalistas têm os seus programas, mas nós devemos continuar um nosso caminho de diálogo. É importante educara as nossas comunidades para a abertura e para o diálogo, para que todos vejam quem somos nós, cristãos, e o que queremos”. D. Toppo explica o que esconde o fanatismo religioso: ” os fundamentalistas hindus têm sua visão da Índia (segundo a ideologia hindu, a Índia deve ter uma única cultura, língua e religião) e por isso, mataram Mahatma Ghandi. Trabalharam sistematicamente desde os inícios do século passado, com uma propaganda de ódio dirigido aos muçulmanos e cristãos. Por detrás deste fanatismo religiosos existem razões políticas, sociais, económicas; determinados grupos fundamentalistas temem que se os “dalit” e “adivasi” se tornem cristãos, e consideram isto uma ameaça capaz de subverter o sistema das castas e alterar a composição religiosa do país, actualmente composta de 80% de hindus, 12,5% de muçulmanos e 2,6% de cristãos.” “Os grupos fundamentalistas pretendem transformar a Índia em um país hindu e assim, querem apresentar-se aos “dalit” e “adivasi” como seus defensores, após tê-los marginalizado durante séculos. Hoje, graças à evangelização, ao desenvolvimento e à promoção humana desenvolvida pelos cristãos, os grupos tribais são alfabetizados, conhecem e reivindicam os seus direitos”, acusa o Bispo. Sobre os 30 milhões de cristãos, divididos em trás comunidades de ritos diversos (siro-malabar, siro-malankar e latino), este responsável mostra-se convicto de que “é um desafio para nós que as três comunidades ofereçam um testemunho de unidade, através de uma espiritualidade de comunhão que já existe, mas que ocorre aprofundar e viver. Evangelização e testemunho caminham juntos. Assim nos lembrou o Papa durante a visita “ad limina”, experiência de comunhão com a Igreja universal da qual saímos reforçados”. Dom Toppo conclui: “Estou optimista pelo futuro dos cristãos na Índia, como o era Madre Teresa, como o é hoje o Papa. A Índia é um grande país, com espírito tolerante que a maioria da população conserva”.