Famílias em Encontro Mundial

D. Antonino Dias preside à Comissão Episcopal Laicado e Família, onde se coordena o trabalho da Pastoral Familiar. Em entrevista à Agência ECCLESIA, o bispo de Portalegre-Castelo Branco adianta as expectativas para o VII Encontro Mundial das Famílias (Milão, 30 de maio a 3 de junho) e para a renovação deste setor da pastoral em Portugal.

D. Antonino Dias (AD)- Estará presente no Encontro Mundial das Famílias?
Sim, tenciono estar.

Agência Ecclesia (AE)- Que espera deste Encontro?
AD –
Espero que seja um momento capital para chamar mais uma vez a atenção para a importância da família e para a grandeza da sua missão na construção e humanização das sociedades e do mundo. A família é uma realidade tão rica e tão importante, para as pessoas, as sociedades e os Estados, que não podemos deixar de aplaudir e acompanhar todas as iniciativas que a promovam e defendam.     

AE – “A Família: o trabalho e a festa” é o tema do Encontro. Que desafio espera que sugira aos tempos de instabilidade e incerteza que se vivem, nomeadamente na Europa?
AD
– Espero que a reflexão e os trabalhos ajudem a concretizar aquilo que o Santo Padre formula na convocação do Encontro. Que as exigências e os tempos do trabalho se harmonizem com os da família e a família recupere o sentido verdadeiro da festa. Será, com certeza, um desafio para que todos nós, a começar pelos decisores políticos e económicos e todos quantos cuidam do bem comum, sintamos o dever de proteger e defender a instituição familiar e de lhe favorecer, por direito, condições de vida digna e com qualidade.

AE – Que contributos e novos dinamismos recebe a Pastoral Familiar destes encontros?
AD –
São encontros mundiais, ao mais alto nível, incluindo a presença do Santo Padre. Como tal, tornam-se sempre pontos de referência, com dinâmicas, conteúdos e apelos que estimulam. Além disso, a quantidade e a diversidade de participantes interessados na verdade da família, conduz a uma partilha de preocupações e esperanças que muito podem contribuir para imprimir novo fôlego e mais qualidade nesta tarefa de defesa e proteção da família.

AE – Que rumo está a ser definido para a dinamização da Pastoral Familiar na Igreja Católica em Portugal?
AD –
Entendo que não se pode repensar a Igreja em Portugal – processo que está em curso – sem se repensar a pastoral da família, que é ampla e abrangente. Neste momento ela promove e coordena, de alguma forma, algumas iniciativas de âmbito nacional e procura pontos de encontro com os responsáveis diocesanos, os movimentos e serviços familiares, sem os querer substituir e sem se deixar substituir por eles, embora conte sempre com a espiritualidade e ação especializada que os movimentos e serviços prestam. E são muitos, variados e preciosos.

AE – Que desafio constituem para a Pastoral Familiar em Portugal as mudanças que ocorrem na família, as diferentes formas de pertença e de vínculo no seu interior?
AD –
Um grande desafio: apresentar com renovado vigor a verdade sobre o matrimónio e a família e a sua importância para a estabilidade e humanização da sociedade. A visão redutora do matrimónio e da família torna necessário que anunciemos a beleza do desígnio de Deus sobre o amor humano e que as famílias cristãs sejam capazes de marcar e testemunhar a diferença, com alegria e firmeza convincentes. Assim se fortalecerão as famílias em caminhada e dar-se-ão razões de esperança àquelas que atravessam situações muito difíceis e dolorosas, onde é preciso fazer ecoar, com amor e respeito, a Palavra de Deus, rico em misericórdia.

AE – De que forma a Pastoral Familiar em Portugal promove a inclusão?
AD –
Evangelizando e promovendo o acolhimento da diversidade e da pessoa diferente, dentro da família e fora da família. Fomentando o respeito por todos e cada um e a obrigação de se prestar atenção aos outros, sobretudo os que vivem sozinhos e os pobres e necessitados, para que todos se sintam amados e úteis e não peso ou estorvo. Para esta inclusão são de capital importância a solidariedade de vizinhança, as redes de apoio à família, os grupos sociocaritativos, as equipas de visitadores e todas as inicativas que ajudam a fomentar os laços de fraternidade atenta e eficaz.

 

Continuando uma antiga tradição, João XXIII recebeu os párocos e pregadores da Quaresma, dando-lhes orientações práticas para a sua ação pastoral durante este tempo litúrgico. Em 1962, a tradicional audiência realizou-se a 22 de fevereiro e, por tratar-se do ano do Concílio, “revestiu-se de extraordinário brilho” (Cf. Boletim de Informação Pastoral, Nº 16, página 7).
Além dos párocos e pregadores, estiveram presentes cerca de 40 cardeais, uma centena de bispos e os membros da Cúria Romana e das Comissões pré-conciliares. Diante da numerosa assistência, o Papa que convocou a assembleia magna assinou a constituição apostólica «Veterum Sapientia» sobre o estudo do latim.
João XXIII desenvolveu o seu pensamento em torno de três ideias mestras que são condição de fecunda ação pastoral e renovação da vida da Igreja segundo as perspetivas do II Concílio Ecuménico do Vaticano: Piedade sacerdotal; Ensino catequético e Vida exemplar”.
Em relação à Constituição Apostólica «Veterum Sapientia», o Papa decreta uma série de medidas destinadas a revalorizar e intensificar o estudo do latim nos meios eclesiásticos. Na primeira parte do documento faz a apologia desta língua que providencialmente favoreceu na antiguidade a difusão do Cristianismo no Ocidente e foi adotada na Igreja ocidental como língua litúrgica e eclesiástica.
Insiste-se no caráter de língua universal que, por não ser “atualmente falada por nenhum povo, pode ser adotada sem ferir suscetibilidades”; por outro lado, refere-se que “é uma língua cheia de qualidades: concisa, variada, harmoniosa, cheia de majestade” (Cf. BIP citado anteriormente).
Para João XXIII, o latim é uma língua estável, “como convém para exprimir verdades imutáveis por natureza e aferir expressões que nas línguas vulgares se arriscam a mudar de significado com o tempo” e, em simultâneo, uma língua cuja aprendizagem é de “grande valor formativo”.
Apesar das discussões, na época, sobre as vantagens de a Igreja conservar o latim como língua oficial, a Constituição procura diminuir as controvérsias levantadas e sublinha: “Que o antigo e ininterrupto uso do latim seja plenamente conservado e restabelecido onde tenha quase caído em desuso”.
Para que tal objetivo seja, realmente, alcançado o Papa decreta algumas medidas: “Que os bispos e superiores religiosos velem para que nos seminários e escolas de formação sacerdotal se acatem e cumpram as normas desta Constituição”; “Que nada se escreva levianamente contra o uso do latim no ensino e na liturgia”; “Que ninguém, nem mesmo as «vocações tardias», seja admitido aos estudos de Teologia e Filosofia sem dominar bem o latim”; “Que se crie, em Roma, uma Academia da língua latina para culto desta língua e formação de professores” e “Que a Congregação dos Seminários e Universidades prepare um programa de estudos do latim que seja respeitado”.
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