Sacerdote jesuíta indica que o ser humano precisa do ”extraordinário para viver bem o comum”
Braga, 09 set 2002 (Ecclesia) – O padre Paulo Duarte, sacerdote jesuíta, partilhou com a Agência ECCLESIA que os recomeços do mês de setembro trazem “alegria” nos “reencontros onde há partilha de vida”.
“No pós ferias é possível a alegria porque algumas pessoas até dizem que há necessidade de rotinas, a alegria é uma atitude tão desafiante, penso na amizade, nos encontros com amigos e nos reencontros onde há partilha de vida, ainda mais nestes tempos desafiantes”, disse à Agência ECCLESIA.
O padre Paulo Duarte refere que os “seres humanos precisam do equilíbrio das coisas”, que pode ser dado pela rotina mas, também precisam do ”extraordinário para viver bem o comum, e pode haver a alegria dos recomeços”.
“Quando estive como professor, no regresso dos alunos ao colégio nesta altura, os recomeços, o contar das histórias, há a sensação de partilha, e nos reencontros há essa alegria, do que foi vivido nas férias e das transformações permitidas nesse tempo”, indica.
O sacerdote aponta ainda as crianças e adolescentes como “exemplos” para os adultos aprenderem a “alegria de contar o que aconteceu em tempo de férias” e se deslumbrarem com as novidades, “seja os livros e os cadernos novos, as mudanças, haja a abertura para a novidade”.
“Algo que o recomeço nos pode trazer é a abertura à novidade e ao que posso aprender dessa novidade, mesmo que possa ser enfadonho no regresso, importa dizer que a alegria não é o contentamento, de estar contentes, mas a alegria com a possibilidade de transformação para a felicidade interior”, afirma.
Presente nas redes sociais, com partilhas do que vai sendo o seu quotidiano como sacerdote jesuíta, o padre Paulo Duarte não esconde a alegria de ver o “amor a acontecer” na celebração de matrimónio de casais amigos, ou que depois se tornam amigos.
“Aquela troca de olhares e afetos, antecedidos com conversas longas que temos, porque a alegria acontece quando nos conhecemos verdadeiramente uns aos outros”.
O sacerdote lembra ainda que este pode ser um “bom tempo de transformação para a leveza” da vida quando cada pessoa se “atreve a tocar as suas sombras, o lado menos simpático da vida”.
“Há outro tipo de alegria que pode vir de nos reconhecermos humanos no caminho da humildade, que vem de húmus, terra que é modelada, com impurezas e coisas menos simpáticas, e, quando nos reconhecemos nessa autenticidade, percebemos que fazemos caminho, há algo que surge”, assinala.
A entrevista é mote do programa de rádio ECCLESIA, com o tema “Alegria do perdão”, desta sábado, na Antena 1 da rádio pública, às 06h00, ficando depois disponível online e em podcast.
SN