«Família original» baseia-se na Bíblia

Igreja acolhe e respeita todas as opções de vida, mas quer distinguir a sua concepção de família dos modelos alternativos

“A Igreja respeita a liberdade individual e abre os braços a todas as pessoas, amando-as e ajudando-as, mas não pode chamar ‘família’ a coisas que não estão de acordo com os seus critérios. Isto não significa que hostilize ou marginalize as pessoas”, afirmou a coordenadora do Departamento Nacional da Pastoral Familiar à Agência ECCLESIA.

Para Graça Mira Delgado, a “família original” está definida nos dois primeiros capítulos do livro do Génesis: “Deus criou o homem e a mulher, e disse-lhes para crescerem, multiplicarem-se e dominarem a terra”.

A esta visão bíblica, Graça Mira Delgado recorda quatro critérios definidos pela exortação ‘Familiaris Consortio’: a família deve ser “uma comunidade de pessoas unidas pelo amor, que está ao serviço da vida por nascer e já nascida, que se assume como célula da sociedade e que tem um papel definido na Igreja”.

Este projecto de vida pode coexistir com outras concepções, embora essas alternativas se devam distinguir claramente: “As pessoas têm todo o direito de escolher a forma como querem viver. Mas não é tudo a mesma coisa: a Igreja tem critérios e valores perfeitamente definidos que apontam para o caminho da felicidade e santidade”.

Auto-estima dos pais está “muito em baixo”

“Família formadora de valores humanos e cristãos” é o tema das Jornadas da Pastoral Familiar, que decorrem em Fátima de hoje até Domingo, com a participação de cerca de 300 pessoas.

“A principal mensagem que queremos transmitir com este encontro – destacou Graça Mira Delgado – é que a família tem que tomar consciência de que é a grande formadora dos valores humanos e cristãos dos seus filhos”. Por isso “os pais não podem delegar em ninguém esta dimensão; se não forem eles a realizá-la, mais ninguém a pode concretizar”.

Muitas vezes, os pais delegam a educação noutras instâncias: “Há muito a ideia de que a escola tem que ensinar as crianças a estudarem, serem pessoas sérias e a terem objectivos na vida; o mesmo se passa com a catequese. Há o mito de que os pais estão ultrapassados, pelo que não podem educar os seus filhos. Por isso é preciso reforçar a auto-estima dos pais, que está muito em baixo”, afirmou a coordenadora da Pastoral Familiar.

Coragem para transmitir valores contra a corrente dominante

“Vivemos numa sociedade massificada, em que há uma desvalorização da família e se pretende que as pessoas se orientem pelos mesmos critérios”, explicou Graça Mira Delgado. Mas “se os pais sentem que os seus valores são diferentes daqueles que estão a ser transmitidos pela cultura dominante, há que lhes dizer para não hesitarem em educarem os seus filhos de acordo com as suas ideias, pois têm esse direito e esse dever”, acrescentou.

Por outro lado, é preciso que “a família redescubra os valores fundamentais que a identificam. Hoje há muita confusão e as pessoas não conseguem distinguir o que é fundamental e o que é secundário.”

Graça Mira Delgado exemplifica: “Os pais são pressionados pela publicidade e pela competição, não só entre as crianças, mas também entre as próprias famílias. Para satisfazerem os caprichos dos filhos, têm que trabalhar mais para conseguir maiores rendimentos, o que prejudica as crianças em termos de tempo e atenção”.

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