Diz Algirdas Petronis, vice-presidente da Federação Europeia das Famílias Católicas
Fátima, Santarém, 13 abr 2016 (Ecclesia) – O vice-presidente da Federação Europeia das Famílias Católicas considera que a exortação “A Alegria do Amor” sumariza o empenho do Papa Francisco em “associar a misericórdia à doutrina” na resposta aos desafios das famílias.
Algirdas Petronis veio esta segunda-feira a Portugal e a Fátima, por ocasião de um encontro da FEFC, e abordou para a Agência ECCLESIA o novo documento do Papa argentino, bem como a sua ligação ao último Sínodo sobre a Família.
O responsável lituano teve ocasião de participar na primeira sessão sinodal, juntamente com um grupo de leigos e de famílias, e destaca a “abertura” que caraterizou os trabalhos e que agora marca a mensagem publicada na exortação apostólica “A Alegria do Amor”.
“Lembro-me de, logo na sessão inicial, o Papa ter dito aos bispos para que fossem o mais francos possível e falassem sobre tudo sem problemas. Claro que existiram opiniões diferentes, mas foram sempre no sentido de responder às situações de uma maneira nova”, contou o vice-presidente da FEFC.
Um dos pontos relevados pelos media foi uma alegada divisão, no decorrer do Sínodo, entre uma ala dos bispos que seria mais progressista e outra que estaria mais atida à doutrina.
Segundo Algirdas Petronis, “os sínodos não debateram a doutrina, ela permanece. A grande questão foi como aplicá-la pastoralmente, de modo adequado” e nisso o Papa Francisco é bastante claro, ao colocar lado a lado “a verdade” e a “misericórdia”.
“Não foi uma luta e quando lia os jornais ficava na dúvida se estariam a falar do mesmo acontecimento que eu”, apontou o mesmo responsável, para quem o debate sobre a Família está a ser envolto em demasiado ruído, que pode desviar do essencial.
“Os temas mais rebatidos pelos media, como o dos divorciados, podem colocar em segundo plano” outros pontos da exortação apostólica do Papa, como “o trabalho que tem de ser feito com as famílias, o apoio que elas precisam, da parte da Igreja mas também da sociedade, pois as famílias são um capital da sociedade”, concluiu.
A Federação Europeia das Famílias Católicas foi criada em 1997 e está presente em Bruxelas, na Bélgica, para salvaguardar a posição das famílias perante as políticas sociais da Europa.
O organismo congrega atualmente responsáveis de 16 países, incluindo Portugal, que está representando por José Veiga de Macedo, também vice-presidente da FEFC.
Para José Veiga de Macedo, é essencial a existência deste tipo de organizações que lidam com “a defesa dos valores da vida”, e a sua presença em Bruxelas, quando “as principais decisões nesta matéria são tomadas fora de cada Estado, muitas vezes não respeitando a soberania das nações”.
O delegado português deu como exemplo a recente decisão do Conselho da Europa em rejeitar uma proposta de regulação – em vez da total proibição – da chamada “maternidade de substituição”, mais vulgarmente conhecida como “barriga de aluguer”.
Uma posição para a qual “a FEFC teve um papel muito importante”, frisou José Veiga de Macedo.
JCP