D. Jorge Ortiga alerta que «violência doméstica é uma doença» com origem na «desestruturação da família»
Vila Nova de Famalicão, 12 fev 2019 (Ecclesia) – O arcebispo de Braga disse que não se pode “lamentar da violência doméstica” enquanto o tema família “for relegado para o último lugar”, na Jornada da Família das Paróquias de Santo Adrião e de São Martinho de Brufe.
“A violência doméstica é uma doença que tem a sua origem na desestruturação da família. Por detrás de qualquer crime está sempre uma família despedaçada. Ninguém parece querer falar da família. A esquerda por ideologia, a direita por vergonha”, disse D. Jorge Ortiga, em Vila Nova de Famalicão.
Segundo a nota enviada à Agência ECCLESIA, pelo pároco de Santo Adrião e de São Martinho de Brufe, o arcebispo de Braga assinalou que “estão todos preocupados com novas leis e mais pesadas” para combater a violência doméstica mas “ninguém parece interessado em cuidar” da família, “célula base da sociedade”.
A 14.ª Jornada da Família, promovida pelas equipas paroquiais de Pastoral Familiar, teve como objetivo falar do que “ninguém fala e entrar nas periferias existenciais da família”.
“Quando se trata da estrutura base da sociedade, e de uma sociedade sã, as políticas sobre família não existem. Tudo afeta a família e tudo o que ataca a família destrói a sociedade; Separações, reconciliação e luto não é um assunto de parlamento”, lê-se na informação enviada pelo padre Francisco Carreira, alertando que se percebe que, “efetivamente, o tema família é um assunto à margem”.
‘Separações: reconciliação e luto’ foi o tema do encontro, realizado este sábado, dia 9 de fevereiro, que teve como oradores o padre Jorge Vilaça e a irmã Frederica Dotti, no Centro Pastoral de Santo Adrião de Vila Nova de Famalicão.
A religiosa, da Comunidade Loyola, doutorada em Direito Canónico, falou sobre a reconciliação e citou o Papa Francisco: “A família não é um problema mas uma oportunidade”.
“Apesar da confusão de prioridades e dos estragos das crises não assumidas, a família é uma esperança também hoje. A reconciliação matrimonial ou qualquer outra reconciliação precisa de tempo. Dar tempo é dar vida, é dar amor; O perdão tem a força e a capacidade de curar as feridas. Para o efeito, nas crises matrimoniais é importante um terceiro elemento”, desenvolveu a irmã Frederica Dotti lembrando que a Arquidiocese de Braga tem “um serviço de acompanhamento dos matrimónios”.
Já o responsável pelo Centro de Escuta e Acompanhamento Espiritual arquidiocesano explicou que “o luto não tem a ver com pessoas” mas com as “expectativas ou os vínculos” que se criam em relação “a pessoas, a coisas ou a opções de vida”.
“Quem sou eu depois do que perdi?”, perguntou o padre Jorge Vilaça, salientando que a resposta “passa pela reconciliação e perdão”, e como “bom exemplo” de um processo de separação dos lutos destacou o texto bíblico dos Discípulos de Emaús.
A 14.ª Jornada da Família das Paróquias de Santo Adrião e de São Martinho de Brufe foi uma “longa conversa” sobre assuntos que “estão à margem dos diálogos políticos, familiares ou das conversas de amigos” mas “fundamental para o futuro da sociedade”, destaca a nota do padre Francisco Carreira.
CB