Rui e Susana recordam dois anos de trabalho missionário na paróquia de Ocua
Braga, 26 dez 2020 (Ecclesia) – Rui e Susana casaram-se em setembro de 2018 e partiram para Moçambique no mês seguinte, integrados no projeto Salama do Centro Missionário da Arquidiocese Braga, onde viveram um Natal diferente de todos.
“Foi já por cá e como namorados que fomos amadurecendo e rezando esta ideia” diz à Agência ECCLESIA Rui Vieira.
Os dois casaram-se na Capela de Nossa Senhora da Conceição em Braga, numa celebração que foi mais do que um casamento.
“Foi também a celebração de envio, perante os familiares e amigos, e partimos em meados de outubro”, explica Susana Magalhães.
Na ocasião, a decisão do jovem casal não recolheu unanimidade, até porque ambos tinham emprego quando escolheram partir.
“As primeiras reações é de que eramos loucos e que trocávamos o certo pelo incerto” recorda Susana.
Em Moçambique, os dois viveram “um Natal rico, diferente”.
“A experiência torna-se rica, porque nos centramos no essencial, é um Natal que não se perde em compras nem em pressas”, indica Susana, destacando a centralidade da celebração religiosa na Igreja.
“Quando acaba, regressam a casa e a vida segue com normalidade”, explica.
A atualidade no norte de Moçambique é agora marcada por casos de violência e destruição; as consequências já se fazem sentir na paróquia de Ocua.
“A situação é caótica em termos de refugiados, a pressão é grande nas dioceses de Pemba e de Nampula que é a que fica logo a seguir” afirma Rui.
O casal entende que os dois amadureceram como casal, com a experiência missionária.
“Contribuiu para o nosso crescimento como casal porque é o nascimento de uma família nova, a experiência obrigou-nos a muitos momentos de conversa e de proximidade” reconhece o Rui.
A partida imediata para uma experiência missionária no país lusófono resultou em algo que é difícil para os casais que habitam as sociedades ocidentais.
“Nós passávamos a maior parte das horas do dia juntos, e isso é bom e enriquecedor”, afirma Susana.
“Ganhamos mais anos de casamento porque passámos mais horas juntos”, acrescenta.
Rui Vieira e Susana Magalhães associaram-se como leigos, a um projeto missionário que a Arquidiocese de Braga alimenta, desde 2014, com a Diocese de Pemba no norte de Moçambique.
Ocua é hoje a paróquia 552 da Arquidiocese de Braga e que esta assume pastoralmente em Pemba.
“Dávamos formação a catequistas, a mulheres que integravam várias Comissões como a da mulher, da criança e desenvolvemos um programa de promoção ao aleitamento materno”, relata Susana Magalhães.
Rui dedicou-se a um projeto de agricultura nas machambas, as pequenas hortas que o povo cultiva.
“Não podemos fazer pastoral sem nos preocuparmos com a parte humana”, refere o leigo missionário.
“Como a paróquia de Santa Cecília de Ocua tem muito terreno, decidimos ceder algum às famílias, sem contrapartidas, para que pudessem tirar rendimento e alimentos”, prossegue.
Atualmente, está em curso um projeto com o apoio da Cáritas Diocesana de Pemba e da escola profissional de Ocua, que visa um estudo sobre a capacidade agrícola dos solos tendo em vista a otimização dos recursos.
Depois de dois anos de missão em Ocua, Rui Vieira e Susana Magalhães afirmam que “agora o tempo é para assentar”.
No território a presença missionária portuguesa está agora assegurada pela Andreia a quem se juntará em breve a Fátima e o padre Manuel Faria, que ainda aguardam pelos vistos.
A experiência do casal missionário vai estar no centro da emissão do Programa ECCLESIA neste domingo, festa da Sagrada Família, pelas 06h00, na Antena 1 da rádio pública.
OC