Família: Mais do que «orientações a seguir», «Amoris Laetitia» propõe a «dinâmica da sinodalidade»

Juan Ambrosio comenta 1.º ano da exortação apostólica do Papa Francisco

Lisboa, 08 abr 2017 (Ecclesia) – Juan Ambrosio, professor da Faculdade de Teologia, da Universidade Católica Portuguesa, afirma que os capítulos 4.º e 5.º são “a chave de leitura” da exortação apostólica pós-sinodal ‘Amoris Laetitia’ onde o Papa Francisco convida à sinodalidade sem orientações fechadas.

“[Papa Francisco] Pela sinodalidade propõe o critério do discernimento. […] Não estamos habituados a isto, estamos mais habituados a que digam as orientações e seguir, mas somos chamados a ser protagonistas do processo”, explicou à Agência ECCLESIA no contexto do primeiro aniversário da publicação pós-sinodal.

Juan Ambrosio constata que muitos dizem que a ‘Amoris Laetitia’, em português ‘Alegria do Amor’, é um texto “ambíguo", onde não se tomam decisões, mas pedir isso a esse documento “é não perceber a dinâmica da sinodalidade, da hierarquia de verdades”.

Um dos aspetos “muito importante” é a atenção do Papa Francisco à realidade que parte da sua formação e da sua reflexão teológica.

“Na realidade concreta da vida do povo, Deus fala, interpela, está presente. Se soubermos olhar essa realidade com atenção descobriremos também a revelação de Deus”, desenvolve, para frisar que o Papa “não parte de realidade idealizada”.

Talvez uma das “grandíssimas novidades” do documento é a capacidade de conjugar algo que “podia parecer impossível”, é como apresentar a realidade “sem a mascarar e, simultaneamente, o projeto de Deus” também como “é sem o diminuir”.

Através do enquadramento das diversas publicações até à exortação pós-sinodal, o docente destaca que o projeto do pontificado é o de uma Igreja renovada para “contribuir para uma casa comum renovada, onde não haja espaço para sobrantes nem para descartados”.

É pelas famílias que se pode fazer “a transformação”, afinal, a realidade humana que está na “génese da comunidade eclesial e da sociedade humana” é a família.

Juan Ambrosio comenta também que é a partir do amor que são “pensados os casos irregulares”: “Onde o amor está fragilizado, onde pode ser aumentado, onde o amor morreu totalmente e é insustentável continuar a assumir uma relação onde o amor já não existe como as pessoas quase se odeiam.”

O “famoso” capítulo 8.º, sobre os chamados “casos irregulares”, “tem sido feito como central” do documento mas “não” é porque, como refere o Papa, os números 4.º e 5.º “falam do amor humano na família”.

Papa o professor universitário, a “sinodalidade” como “critério do discernimento” em cada momento está referido “com clareza” no capítulo 8.º intitulado ‘Acompanhar, discernir para integrar a fragilidade’.

“O objetivo é integrar a fragilidade, procurar de todas as maneiras que a fragilidade possa ser integrada: Em casos que pessoas querem ser integradas”, assinala o entrevistado.

Juan Ambrosio considera considera a exortação pós-sinodal muito positiva e realça que é a partir do amor “fundamentado em Deus” que se deve “olhar a realidade, agir, transformar a realidade”.

O texto foi publicado a 8 de abril de 2015 trouxe uma maneira “diferente de olhar, de aproximar” e saber integrar “as diversas situações e ter em conta a realidade”, concluiu.

O semanário digital Ecclesia publicou um extenso dossier com a análise a este documento do Papa e as repercussões que teve na pastoral familiar, em Portugal e no mundo.

HM/CB/PR

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Agência ECCLESIA

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