Família: D. José Tolentino Mendonça alertou para a «crise de investimento, a crise generativa» e a «crise de integração geracional»

Cardeal português destacou «três grandes desafios», em Missa presidida na Sé do Funchal

Funchal, Madeira, 27 dez 2021 (Ecclesia) – O cardeal português D. José Tolentino Mendonça presidiu este domingo à festa da Sagrada Família, na Sé do Funchal, destacando a importância das famílias como “um laboratório”.

“A família é um laboratório de vida, é uma escola de humanidade e é a primeira escola de vida cristã”, disse o colaborador do Papa, citado pelo ‘Jornal da Madeira’, publicação diocesana.

O bibliotecário e arquivista da Santa Sé, é necessário que as pessoas se possam “abeirar do presépio, do de Jesus e do próprio presépio”.

“Cada um de nós nasceu num presépio e tem um presépio invisível no seu coração. Perceber este valor inigualável da família e todos juntos podermos convergir para afirmar a alegria, o amor incondicional a beleza e a necessidade de colar no centro da construção social todas as famílias”, acrescentou.

No primeiro domingo depois do Natal, o cardeal, natural da Madeira, alertou para “três crises”, que são “três desafios”, em relação à família, a começar pela “crise de investimento”.

“As nossas sociedades precisam investir mais na família e olhar a família como um parceiro, como um parceiro normal. Não ter medo de dirigir-se às famílias”, assinalou.

Segundo D. José Tolentino Mendonça, vive-se hoje um modelo de sociedade “muito individualista”, um modelo que é “uma ilusão”, porque “cada indivíduo é uma família”.

“Quando abrimos um bocadinho o plano, o olhar, aquela pessoa está enquadrada num determinado contexto e é o contexto familiar. Certamente com a pandemia, com a crise multiforme, que atravessa todas as nossas sociedades, a família também está mais pobre, está mais frágil, está mais vulnerável”, desenvolveu.

Uma segunda crise, referiu, é a “generativa”, com o “inverno demográfico” que se vive em Portugal e o sonho adiado de ter filhos, para muitas famílias.

“Os trabalhos são precários, as casas são pequenas, não temos acesso a elas, não temos estabilidade, as relações são frágeis. Estas palavras são um grito, são um S.O.S. a toda a nossa sociedade, porque esta é uma questão de todos”, referiu.

A terceira crise destacada pelo responsável católico é a da “integração intergeracional nas famílias”, citando a mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial da Paz 2022: “Não há paz sem diálogo e sem convivência intergeracional”.

“Os avós e os idosos são importantes, não só porque têm um papel de ajuda concreta, eles são importantes em si, pelos que significam, por aquilo que são, pelo grande tesouro que são”, sustentou D. José Tolentino Mendonça.

CB/OC

 

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Agência ECCLESIA

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