Família: Braga da Cruz defende «políticas de família» para resolver a atual crise familiar

Professor universitário esteve presente nas XIII Jornadas de Ação Sóciocaritativa da Diocese do Algarve

Ferragudo, Faro, 17 mar 2014 (Ecclesia) – Manuel Braga da Cruz defendeu este domingo nas XIII Jornadas de Ação Sóciocaritativa, promovidas pela Diocese do Algarve, que a atual crise familiar só se resolve com “políticas de família” que compatibilizem a vida doméstica com a profissional.

“Há políticas que têm vindo a ter sucesso nalguns países que passam não tanto pela atribuição de subsídios mas pela criação de condições da compatibilização do papel doméstico com o papel profissional”, tais como “licenças parentais, políticas de apoio à infância em meio profissional ou trabalho em part-time”, disse o ex-reitor da Universidade Católica Portuguesa.

Na iniciativa, que reuniu cerca de 100 pessoas no Centro Pastoral e Social de Ferragudo, o conferencista considerou ser necessário fazer da família um “protagonista” e “sujeito ativo” dessas políticas e não apenas um “mero objeto” delas.

Manuel Braga da Cruz denunciou ainda o facto de que a “família tem vindo a ser fortemente enfraquecida nos últimos tempos em Portugal com a facilitação do divórcio, com a comparação legal entre famílias com base no casamento e famílias de facto e, sobretudo, com esta medida do casamento homossexual”.

“O casamento foi, ao longo de milénios, o instituto de regulação da procriação. Banir o horizonte da procriação do casamento é uma revolução civilizacional de uma gravidade extrema e, em Portugal, decide-se uma coisa destas, não sufragada pelo eleitorado, por uma maioria, contra a opinião maioritária do povo português e acaba-se com um instituto que durou milénios em nome da afetividade”, criticou, indicando a “importância da complementaridade dos papéis na família”, disse.

“É indispensável a complementaridade entre o masculino e feminino na educação das crianças”, acrescentou ainda o professor universitário.

Manuel Braga da Cruz referiu-se também à questão social e à forma como o governo tem lidado com a mesma concluindo que “a solidariedade social assumida pelo Estado está a revelar-se insustentável e isto significa que chegou a hora da responsabilidade social, chegou a hora das instituições da sociedade”.

“O que assistimos foi à destruição de muita da iniciativa da sociedade. Não foi o Estado a pôr a mão por trás da sociedade quando ela não era capaz de fazer. Foi o Estado a dizer: ‘eu tomo conta disto porque só eu sou capaz de prestar justiça social’. Este é o grande erro que foi cometido”, criticou o professor universitário que considerou ainda uma “aberração” a “ideia de que o serviço público só pode ser prestado pelo Estado e não por instituições da sociedade civil”.

As XIII Jornadas de Ação Sóciocaritativa da Diocese do Algarve foram organizadas pela Cáritas Diocesana do Algarve e tiveram como tema “Família, crise e solidariedade”.

FD/MD

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Agência ECCLESIA

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