Famalicão encerrou ciclo de conferências Quaresmais

Realizou-se no passado domingo, dia 14 de Março, a última das quatro Conferências Quaresmais, promovidas pelo Arciprestado de V. N. de Famalicão.

Sendo estas Conferências subordinadas a uma temática fundamental na vida e na vivência e celebração da fé de todos os crentes, os Sacramentos, e depois das três primeiras terem sido orientadas pelo Bispo Auxiliar de Braga, D. Manuel Linda, foi a vez de D. Jorge Ortiga, Arcebispo Primaz, abordar com especial cuidado o Sacramento da Eucaristia, onde Cristo Se torna presente e vivo para Se dar sobre o altar, como outrora na Cruz, sendo, assim, evocação plena e perfeita do mistério pascal.

A Conferência, tal como as anteriores, desenrolou-se integrada num momento de oração, iniciando com a proclamação da passagem referente às primeiras comunidades cristãs, retirada do livro dos Actos dos Apóstolos.

Escutada a Palavra, foi a partir da mesma que D. Jorge Ortiga procurou explicar e sensibilizar para o Sacramento da Eucaristia, fazendo sempre um paralelismo entre a forma como as primeiras comunidades cristãs viviam e celebravam este Sacramento e o modo como nós o fazemos hoje.

Assim, o prelado começou por intitular a Eucaristia como “a graça de Jesus por excelência”, isto é, trata-se de “um Sacramento particularmente especial, uma vez que é através do mesmo que Jesus, tendo encarnado, revela que quis ficar connosco, tornando-Se presente no pão e no vinho eucarísticos”.

No entanto, e tal como referiu, “corremos o risco de, caindo na rotina, não percebermos o encontro profundo com Deus, vivido na Eucaristia”.

Deste modo, tal como “os primeiros cristãos agiam na certeza de que Jesus estava presente na Eucaristia, tendo-a como um tesouro, à qual eram assíduos, também nós hoje não devemos ver a Eucaristia como um preceito, uma obrigação ou um peso. Devemos também nós ser assíduos à fracção do pão”.

Prosseguindo na sua abordagem, D. Jorge levantou uma questão: “Porque diminui o número de pessoas que frequentam a Eucaristia?” Na resposta apresentada admitiu que “pode dever-se à opinião que as pessoas possam ter acerca de um ou outro padre”, mas admitiu que depende, sobretudo, “da responsabilidade e da assiduidade com que os cristãos vivem e celebram este Sacramento”, acrescentando ainda que “é necessário que dediquemos à Eucaristia um grande amor e um grande apreço”.

Procurando levantar mais inquietações, o Arcebispo Primaz frisou que “para as primeiras comunidades a Eucaristia não era apenas um momento, mas sim a vida e para a vida. Os primeiros cristãos eucaristizavam a própria vida, pois eram unidos e colocavam em comum todos os seus bens”. Depois desta certeza, a pergunta impunha-se: “E nós, vivemos hoje reconciliados com todos, dando testemunho de unidade e de comunhão?” D. Jorge salientou aqui “a importância de todos os cristãos darem testemunho de unidade, pois, se comungamos do mesmo corpo e do mesmo sangue, devemos também comungar da vida dos outros, reconciliando-nos com todos, mesmo com aqueles que nos perseguem e ofendem”.

O Arcebispo focou ainda uma outra característica dos primeiros cristãos, lembrando que estes “eram estimados por todos, gerando simpatia e atraindo novos cristãos, pois, apesar das perseguições a que eram frequentemente sujeitos, o número de cristãos aumentava”. Esta afirmação levantou mais um convite à reflexão sobre o modo como nos comportamos hoje.

Depois disto, D. Jorge fez referência à sua nota pastoral sobre a Eucaristia, “Louvor Perene”, recentemente publicada, a propósito da comemoração dos 300 Anos dos Lausperenes na nossa Arquidiocese de Braga, fazendo menção, tal como no documento, das palavras do Papa João Paulo II, para referir que o cristão, para viver em pleno a Eucaristia e da Eucaristia, deve estar atento “à celebração, à comunhão e ao sacrário”.

A propósito da celebração, o prelado referiu que “devemos procurar viver a Eucaristia com gosto. Cada um, juntamente com o sacerdote, deve também celebrar a Eucaristia, devendo nesse momento libertar-se de todas as suas preocupações”.

Sobre a comunhão, explicou que, “reconhecendo hoje a importância da mesma, devemos evitar banalizá-la. Jesus Cristo quer encontrar o nosso coração puro, limpo de tudo o que é contrário à Sua Palavra. Daí a importância fulcral do Sacramento da Reconciliação, que promove a purificação do coração e nos prepara para a comunhão”.

Em relação ao sacrário, o Arcebispo lembrou que “poucos reconhecem a importância do mesmo. Muitas vezes entramos na Igreja, mas esquecendo-nos que Jesus está, de facto, no sacrário.” Acrescentou que “devemos alimentar este amor à Eucaristia e ao sacrário, através de iniciativas como estas Conferências Quaresmais, assim como através de visitas ao Santíssimo Sacramento, ficando diante do sacrário e procurando entrar em diálogo com Jesus.”

Continuando a citar a sua nota pastoral, já acima referida, D. Jorge disse ainda que “necessitamos de testemunhos, isto é, exemplos vivos a desafiar-nos”. Lembrou, assim, a Beata Alexandrina de Balazar, “uma alma mística, porque eucarística, que se alimentava da relação que mantinha com a Eucaristia”. O outro testemunho foi o do P.e Abílio Gomes Correia que “passava horas durante a noite diante do sacrário, expressando assim o seu imenso amor à Eucaristia”.

Ao terminar a sua exposição, D. Jorge lembrou que, “se a Eucaristia é apenas preceito continuaremos a não saborear a maravilha que ela é, dando razões para que outros se afastem. Jesus deixou-nos esta graça! Devemos, por isso, aproveitá-la e viver assim com Cristo, presente sob as espécies do pão e do vinho.”

Seguiu-se um novo momento de oração e, antes da bênção final, sendo esta a última das quatro Conferências Quaresmais, tomou a palavra o Arcipreste de V. N. Famalicão, o P.e Mário Martins que, na sua intervenção, endereçou os parabéns e agradeceu a presença a todos aqueles que se associaram a esta iniciativa do Arciprestado, acrescentando ainda que “estas Conferências, através desta proposta dos Sacramentos, essenciais à vivência e celebração da fé de todos os cristãos, deixaram, certamente, a sua marca, pois ajudaram e continuarão a ajudar a viver este tempo da Quaresma, assim como a grande festa da Páscoa, para a qual nos estamos a preparar, de forma mais profunda e mais comprometida”.

Departamento Arciprestal da Comunicação Social

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