Falta de respeito aos símbolos ofende aqueles que têm fé

D. Teodoro de Faria na homilia da Eucaristia de Domingo de Ramos Na homilia da Eucaristia de Domingo de Ramos, celebrada ontem na Sé do Funchal, D. Teodoro de Faria teceu fortes críticas ao evento musical que vai realizar-se Sexta-feira Santa salientando que o mesmo “é uma falta de respeito às convicções religiosas do povo. No Funchal as cerimónias, presididas por D. Teodoro de Faria, iniciaram-se na igreja do Colégio com a bênção dos ramos, ao que se seguiu a procissão para a Sé. Porque ontem se assinalou também a Jornada Mundial da Juventude um grupo de jovens de várias paróquias madeirenses, participou na procissão e na Eucaristia que foi celebrada na Catedral. Na homilia, D. Teodoro de Faria manifestou a sua satisfação por começar a Semana Santa “com este grupo de jovens que representam todos os jovens cristãos da Diocese” e acrescentou: “realizamos em conjunto a Procissão dos Ramos, entoando cânticos e hossanas ao Filho de David. Desde o ano 383, no século IV, a Igreja de Jerusalém convidava os peregrinos a viverem esta entrada de Jesus na cidade santa. Algumas das pessoas que aclamaram Jesus quando entrou em Jerusalém montando num jumentinho, como faziam os camponeses pobres, e não de cavalo como os conquistadores e senhores ricos, vão pedir a Pilatos a sua condenação em Sexta-Feira Santa. Essa multidão procedeu como as nossas multidões hoje. São pessoas que aclamam Jesus quando tudo corre bem, mas que se deixam enganar e manipular quando as coisas correm mal, ou então seguem os agitadores ou os que sabem usar das palavras, da eloquência e dos divertimentos para atrair aos seus fins políticos, económicos ou religiosos”. Sexta-Feira Santa é símbolo sagrado O prelado acentuou ainda que “é fácil enganar as multidões e levá-las a esquecer o que prometeram mesmo no campo da sua fé, cedendo às seitas ou campo da vida moral, desprezando os mandamentos da Lei de Deus”. Criticando a realização da discoteca ao ar livre que vai realizar-se Sexta feira Santa na Ponta do Sol, o Bispo do Funchal fez um apelo aos jovens: “não vos deixeis seduzir em Sexta-Feira Santa por um evento musical que é uma falta de respeito às convicções religiosas do nosso povo. Sexta-Feira Santa é um símbolo sagrado, pois é o dia da Morte de Jesus. Faltar ao respeito aos símbolos ofende e faz sofrer os que têm fé. O dinheiro não compra tudo, nem vale tudo. Há valores mais altos. Seduzir jovens para um mega-concerto em Sexta-Feira Santa para negócio é sujar as mãos com o dinheiro de Judas”. Recordou as palavras do então Cardeal Ratzinger (actual Papa) num dos seus livros: “para todas as culturas é essencial o respeito por aquilo que para o outro é sagrado. Sexta-Feira Santa, para nós, é sagrada”. D. Teodoro de Faria apelou “aos párocos e aos cristãos para que a Procissão do Enterro do Senhor, em Sexta-Feira Santa, seja um acto de reparação pela ofensa ao Tríduo Pascal numa diocese que ainda se confessa cristã”. Dirigindo-se de um modo especial aos jovens disse que “é preciso ser forte na Fé, ter princípios e saber dizer não ou sim à própria consciência iluminada pela Palavra de Deus”. Não podemos viver na escuridão das coisas de Deus Referindo-se à Mensagem do Papa Bento XVI para esta Jornada, cujo tema é um versículo do salmo 119 “A tua palavra é lâmpada para os meus pés e luz para os meus caminhos”, o prelado funchalense sublinhou que “não podemos viver na escuridão das coisas de Deus. É preciso amar e conhecer a Sagrada Escritura, o tesouro que Deus nos entregou para nossa salvação. Para isso, e como diz o Papa, necessitamos de um coração que seja capaz de ouvir o que Deus nos diz. Isto é impossível sem oração, silêncio e meditação interior.” E acrescentou que “o mundo sofreu uma grande aceleração em poucos anos. Conhecemos as transformações científicas, sociológicas e políticas mais rápidas e importantes do que em qualquer outra civilização. Apesar disso vivemos num mundo inquieto. Tudo pode mudar de um dia para outro. As pessoas não estão seguras, nem do trabalho, nem dos seus bens, nem dos seus estudos universitários e, por vezes, nem da estabilidade dentro da própria casa, com o divórcio e as separações. Pensávamos que tínhamos tudo: dinheiro da União Europeia, divertimentos, seguros de vida, mas as pessoas começam a ter consciência que lhe falta alguma coisa muito importante. Precisamos de um sentido para a vida, uma razão para viver e sofrer, uma união com o sobrenatural. Em nenhum tempo houve tantos jovens e menos jovens que, para marcar a sua contestação ao mundo actual, vão para mosteiros e conventos, grupos de oração, para passar tempos de silêncio e a viver com regras e com ordem. E questionou, a propósito: “porque esta necessidade, quase palpável do sagrado? Já não se acredita numa salvação que venha dos bens materiais. Descendo ao profundo abismo de nós próprios sentimos necessidade de uma respiração espiritual intensa”. O dom de anunciar sem temer Jesus Cristo Depois de fazer uma reflexão sobre a Paixão de Cristo, narrada no Evangelho proclamado ontem, D. Teodoro de Faria pediu aos jovens que “acreditando em Jesus Cristo Filho de Deus, recebendo a Sua Palavra, aquecei com o vosso amor, generosidade, apostolado, alegria e entusiasmo esta nossa terra para que se torne em Paraíso de Deus. Olhai para a Estrela da Evangelização, Maria, a Mãe do Redentor, junto à Cruz. Confiai-lhe as vossas preocupações, os vossos anseios e sonhos. Pedi-lhe o dom de anunciar sem temor, Jesus Cristo e todos os vossos irmãos jovens”. No final uma jovem leu uma mensagem em que se salientava que “é urgente libertar a liberdade e iluminar a escuridão em que a humanidade está a andar às cegas. Nesta acção de graças, Senhor, tendo presente a mensagem do Papa, queremos entregar-te, a Ti que és a Liberdade, os grilhões que amarram e escravizam os jovens do nosso tempo, as suas vidas tantas vezes vazias de conteúdo e sentido, as suas violências e opressões que carecem da Tua Luz, para trilharem caminhos novos de libertação e alegria, inspirados na força transformadora da Tua Palavra que é a lâmpada dos nossos pés e a luz dos nossos caminhos, confiantes de que o Teu Espírito Santo, de verdade, acompanha a nossa Jornada gerando a comunhão que constrói fraternidade”. No final da celebração eucarístia, concelebrada por diversos sacerdotes, D. Teodoro pediu que “todas as igrejas da nossa Diocese se encham de um modo especial na Vigília Pascal. Peço também a oração pelos nossos queridos catecúmenos que vão nascer pelos Baptismo, para a vida da graça, na Catedral, na Vigília de Páscoa no Sábado Santo. Vamos rezar por eles para que sejam fortes na sua fé e vamos procurar viver esta Semana Santa dignamente, para assim merecermos termos uma Páscoa à maneira de Jesus Cristo, uma Páscoa de ressuscitados na caridade, na paz e na fraternidade”. Sílvio Mendes/Jornal da Madeira

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