No discurso mais político da viagem ao Reino Unido, Bento XVI pede que se tirem lições da crise financeira global
Bento XVI criticou hoje, 17 de Setembro, a falta de um “sólido fundo ético” na economia mundial, alertando para as consequências da recente crise financeira global.
Num discurso proferido perante representantes da sociedade civil, do mundo académico, cultural e do corpo diplomático, bem como de líderes religiosos, no Westminster Hall, em Londres, o Papa lembrou as “graves dificuldades agora experimentadas por milhões de pessoas em todo o mundo”.
Neste contexto, lamentou que os governos mundiais tenham disponibilizado “vastos recursos” para salvar instituições financeiras tidas como “demasiado grandes para falhar”, afirmando que “o desenvolvimento humano integral dos povos do mundo não é menos importante”.
Para Bento XVI, “a inadequação de soluções pragmáticas e de curto prazo a complexos problemas éticos e sociais” ficou a nu com a crise financeira, frisando que “também no campo político a dimensão ética da política tem consequências de longo alcance, que nenhum governo se pode dar ao luxo de ignorar”.
Perante uma plateia onde pontificavam figuras da política britânica, o Papa sublinhou o contributo dado Parlamento local e a sua “profunda influência no desenvolvimento de um governo participativo entre as nações”, dando como exemplo concreto a “abolição da escravatura” e louvando a longa história democrática do Reino Unido.
Westminster Hall, além do seu simbolismo político, tem uma carga especial para a Igreja Católica na Inglaterra: em 1535, ali foi julgado e condenado à morte S. Tomás Moro, mártir católico acusado de traição no reinado de Henrique VIII, durante o qual se deu a separação entre Roma e a Igreja de Inglaterra.
Bento XVI recordou, por isso, a figura deste Santo, “admirado por crentes e não-crentes” pela “integridade com que seguiu a sua consciência”.