«Falsos remédios» do mundo deixam vazio

Papa cumpriu tradicional homenagem à Imaculada Conceição, no centro de Roma alertando para frenesim das cidades

Roma, 08 dez 2012 (Ecclesia) – Bento XVI alertou hoje em Roma para os “falsos remédios”, como a droga, que a sociedade oferece para preencher os “vazios” deixados pelo egoísmo e pediu mais espaço para o silêncio.

“Estes vazios podem transformar-se em infernos, onde a vida humana é como que atirada para o fundo e para o nada, perdendo sentido e luz”, disse o Papa, durante um “ato de veneração” à Imaculada Conceição, que decorreu junto ao monumento dedicado a Maria, na Praça de Espanha, centro da capital italiana.

Após um percurso no novo papamóvel, acompanhado por centenas de pessoas desde o Vaticano, Bento XVI afirmou que “o poder do amor de Deus” é mais forte do que os vazios “que o egoísmo provoca na história das pessoas, das famílias, das nações e do mundo”.

“A salvação do mundo não é obra do homem – da ciência, da técnica, da ideologia -, mas vem da graça”, capaz de dar sentido “mesmo às situações mais desumanas”, prosseguiu.

Noutra passagem da sua intervenção, o Papa frisou que aquilo que é “verdadeiramente grande” acontece, muitas vezes, num “quieto silêncio” que se revela “mais fecundo do que a agitação frenética” das cidades contemporâneas.

“Esse ativismo torna-nos incapazes de parar, de estar tranquilos, de ouvir o silêncio no qual o Senhor faz sentir a sua voz discreta”, acrescentou.

Bento XVI apresentou uma reflexão sobre o que considerou como “momento decisivo para a humanidade”, no qual “Deus se fez homem”, com a anunciação do anjo a Maria.

“O encontro entre o mensageiro divino e a Virgem Imaculada passa completamente despercebido: ninguém sabe, ninguém fala dele. É um acontecimento que, se decorresse nos nossos dias, não deixaria rasto nos jornais e revistas, porque é um mistério que acontece no silêncio”, observou.

O Papa insistiu na ideia de que a voz de Deus “não se reconhece no ruído e na agitação” e que é preciso descer a um nível “mais profundo” para entender o seu plano sobre a vida “pessoal e social”.

Aí, precisou, “as forças que agem não são as económicas e políticas, mas as morais e espirituais”.

“O Cristianismo é essencialmente um evangelho, uma ‘notícia feliz’, mas alguns pensam que é um obstáculo à alegria, porque veem nele um conjunto de proibições e de regras”, disse ainda.

No dia em que a Igreja celebra a solenidade da Imaculada Conceição, Bento XVI sublinhou que este dogma da Igreja Católica – segundo o qual a Virgem nasceu sem pecado original – revela “uma relação com Deus livre de qualquer brecha, ainda que mínima”.

O monumento à Imaculada Conceição, na Praça de Espanha, foi inaugurado por Pio IX, em 1857, e a visita anual ao local começou no pontificado de João XXIII, em 1958.

Bento XVI deixou um cesto de flores junto da imagem da Virgem Maria antes de se despedir do local e regressar ao Vaticano.

OC

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