Arcebispo de Braga homenageia homem que deixou marcas profundas na cultura Faleceu no dia 13 de Agosto o Pe. Lúcio Craveiro da Silva, destacado membro da Companhia de Jesus e da Comunidade Universitária. Lúcio Craveiro da Silva nasceu em Tortosendo, Covilhã, em 27 de Novembro de 1914. Entrou na Companhia de Jesus em 1931, tendo frequentado o Curso de Filosofia no então Instituto de Filosofia de Braga de 1934 a 1938. Foi ordenado sacerdote em 1944. Licenciou-se também em Ciências Económicas na Universidade de Deusto, Bilbau, e logo a seguir em Ciências Políticas e Sociais na Universidade de Lovaina, em 1949. Obteve o doutoramento em Filosofia na Faculdade de Filosofia de Braga a 9 de Novembro de 1951 com a tese A Idade do Social, ensaio sobre a evolução da sociedade contemporânea. Foi Superior Provincial dos Jesuítas portugueses de 1960 a 1966. Dirigiu a Faculdade de Filosofia de Braga em três períodos (1952-1958; 1971-1976; e 1986-1994), tendo sido também docente na mesma Faculdade desde 1949. Dirigiu igualmente o Instituto Superior Económico e Social de Évora (1964-1971) onde foi também professor. Em 1974 integrou a Comissão Instaladora da Universidade do Minho, tendo posteriormente exercido o cargo de Reitor da mesma Universidade de 1982 a 1986. Recebeu a condecoração de Grande Oficial da Ordem de Instrução Pública. Recebeu também a Medalha de Honra da Câmara Municipal de Braga. Foi membro da Academia das Ciências. Era presentemente Presidente do Conselho Cultural da Universidade do Minho A principal área científica da sua investigação foi a História da Filosofia e da Cultura Portuguesas. Colaborou com a Universidade de Lisboa na publicação da História do Pensamento Filosófico Português. Investigador, conferencista, autor de vasta obra literária publicada em livros, revistas e colectâneas, não só em Portugal como também no estrangeiro (Brasil, Itália, França e Alemanha), o Professor Lúcio Craveiro da Silva permanecerá como uma figura incontornável da cultura portuguesa. Marcas na cultura O Arcebispo de Braga refere que Lúcio Craveiro da Silva foi «um sacerdote que ao longo da sua vida deixou marcas profundas no mundo da cultura». D. Jorge Ortiga destaca a sua «cultura invulgar», o facto de ter estado sempre na «vanguarda do pensamento» e de ter marcado a instituição universitária em Portugal. O prelado salienta o trabalho que Lúcio Craveiro da Silva desenvolveu na Universidade Católica. «Lúcio Craveiro da Silva esteve nos alicerces da Universidade Católica em Portugal, que surgiu através da Faculdade de Filosofia de Braga», recorda. O Arcebispo congratula-se pelo facto de Craveiro da Silva ter sido o primeiro reitor eleito em Portugal. «Isso mostra a sua capacidade de pensamento e a forma abrangente de pensar», afirma. D. Jorge Ortiga faz o contra-ponto entre as pessoas possuidoras de um pensamento forte e estruturado e as que têm um pensamento débil, gerador de subjectivismo e relativismo. Em seu entender, Lúcio Craveiro da Silva tinha um «pensamento humilde». Apesar de ideias sólidas e estruturadas, o professor primava pela humildade, que fazia com que soubesse «aparecer nos momentos justos e oportunos». D. Jorge Ortiga diz que Lúcio Craveiro da Silva é um dos exemplos dos contributos que a Igreja tem dado para o mundo da cultura. «Foi um padre que honrou a Igreja. Estamos perante uma grande perda para a Igreja e para a sociedade», declara. Redacção/DM