Externato de Penafirme: ensino oficial e educação católica

Ensino regular e profissional aposta na formação para os valores e para o futuro

O Externato de Penafirme é uma escola católica inserida institucionalmente no Patriarcado de Lisboa, frequentada por 1900 alunos provenientes dos três freguesias litorais do concelho de Torres Vedras.

Trata-se de um estabelecimento de ensino oficial, gratuito, público, mas não estatal, reconhecida por um contrato de associação que este escola mantém com o Ministério da Educação. Desta parceria resulta uma comunidade escolar com características e projecto educativo privado mas que todos podem frequentar gratuitamente.

Na direcção da escola está o Pe. Alfredo Cerca, um sacerdote que há 24 anos assumiu esta missão e que entende o seu trabalho como verdadeiro trabalho pastoral. No entanto assinala o seu desejo de ter mais autonomia e liberdade pedagógica. “Seria desejável que pudéssemos dar plena oportunidade ao desenrolar de um projecto educativo assumidamente cristão”, indica em declarações ao Programa 70 x 7.

Mas essa é uma realidade que nem as escolas com pagam propinas conseguem atingir, “porque estamos muito condicionados com o que determina o Ministério da Educação, quer em termos curriculares como programáticos”, acrescenta o Director.

De acordo com as determinações oficiais para o ensino público, o Externato de Penafirme sabe propor e cativar a comunidade educativa para um humanismo com valores e uma existência plena de sentido.

Proposta cristã livre
[[v,d,600,Externato de Penafirme]]A proposta cristã é apresentada na relação entre professores e os alunos, nos temas que na sala de aula convidam a olhar a realidade com outros olhos e com outros valores, nas competências científicas e curriculares conjugadas com a ética, na solidariedade e na sensibilidade que desafia o jovem aluno.

Rita, aluna no Externato de Penafirme elege neste estabelecimento de ensino a relação com os alunos e os professores, para além da boa organização. Outro aluno, o Sandro, frisa o “sentido de família entre alunos e professores”.

Uma das vertentes do projecto educativo concretiza-se nas aulas de Educação Moral e Religiosa Católica. Bernardino Afonso é um dos docentes que no Externato de Penafirme tem por missão levar os alunos a reflectir na proposta cristã, convidando-os a olhar dimensões da existência que passam despercebidas.

“Nesta tarefa o professor tem de ir ao encontro dos anseios e expectativas dos jovens que tem pela frente”. O esforço para uma linguagem compreensível é indicado pelo professor que, a partir da linguagem simples, joga “com a simbologia da vida”.

Para além do programa curricular, O Externato de Penafirme propõe também a participação em acções solidárias, em celebrações da fé e trabalho de ajuda a quem mais necessita. Mas apenas para quem quer e está disposto a viver a sua fé no meio escolar. A existência do movimento XOTO é uma ponte para a evangelização e para envolver os alunos em acções de solidariedade. As suas acções estendem-se ao acolhimento dos sem-abrigo de Lisboa ou até mesmo ao voluntariado na casa da Idanha. “São acções que permitem compreender a necessidade da solidariedade, da partilha e do desassossego”, explica o Director da escola.

Na base do projecto educativo da escola está a sólida formação científica e humana dos jovens que dentro em breve serão a população activa da sociedade. O lema que o Externato propõe para o ano lectivo que começa é «Uma vida com projecto, um projecto para a vida com os outros».

A reflexão sobre este lema tem-se revelado “desafiadora”, indica o Pe. Alfredo Cerca. “É um lema que leva as pessoas a reflectir que a vida se constrói no dia a dia. E os jovens precisam hoje preparar o seu futuro, perceber que a escola é um local de trabalho, de aprendizagem e onde eles podem aprendem as ferramentas para insistirem na sua caminhada humanizante”.

Para dotar os alunos de competências profissionais mais também humanas o programa educativo insiste em dar ferramentas para a vida, chaves que possibilitam a abertura de um futuro mais promissor.

Investir no ensino profissional
A par do Externato onde é ministrado o ensino secundário, existe também uma escola profissional com cursos técnicos e profissionais para quem não se sente vocacionado para o ensino regular.

António Esteveira, Director Pedagógico da Escola Profissional, aponta um caminho de crescimento com base na “procura de profissões com empregabilidade e com alta tecnologia no mercado”. Hotelaria e Turismo é um dos casos, tendo sido o primeiro curso a ser criado. A escola dá os primeiros passos na área da saúde com o curso Óptica Ocular e ainda na área de energias com o curso de Energias Renováveis.

“O objectivo é alargar a oferta para que as pessoas tenham mais oportunidades, possibilitando a conclusão do ensino secundário por mais pessoas através de cursos com empregabilidade no mercado de trabalho e apostar em áreas onde a oferta seja reduzida”, indica António Esteveira.

Esta é uma aposta que se tem mostrado ganha pelos casos de empenho e sucesso profissionais.

Na cozinha o trabalho dos estudantes do último ano da sua formação acontece sob o olhar atento de Marlene Vieira, monitora de cozinha internacional e chefe de cozinha numa unidade hoteleira de cinco estrelas da região Oeste. A sua principal tarefa é transformar os jovens, na sua maioria inexperientes, em competentes e criativos profissionais da culinária. Uma tarefa que não é fácil porque “muitos não têm qualquer experiência. A primeira fase é complicada”, regista a monitora, recordando os ensinamentos de como pegar uma faca e, simplesmente, descascar uma batata.

“Os primeiros dois anos são complicados mas no terceiro ano já trabalham com facilidade. Acaba por ser uma tarefa gratificante”.

Ao período que para muitos significa abandono escolar o Externato responde com o convite para uma formação profissional onde não faltam saídas e oportunidades. Os alunos estão conscientes que o sucesso depende do seu profissionalismo e da sua criatividade.

A aluna Patrícia explica que cozinhar todos cozinham mas “cada cozinheiro tem o seu segredo”. A originalidade é um dever em todos os procedimentos culinários e a actualização um caminho constante, sugere.

Nuno Silva é um cozinheiro habitual em sua casa, por isso, na escola, está mais à vontade. Habituado às tarefas rotineiras prefere “criar novos pratos”.

Os futuros cozinheiros têm ainda a possibilidade de executar parcerias com outros alunos da variante de restauração e bar onde podem aperfeiçoar as técnicas que lhes permite exercer um serviço com delicadeza e competência de um profissional.

O formador do curso de restauração e bar, Michael Paradela, explica a insistência na profissionalização. “Dinamismo, rectidão, capacidade de aprendizagem, simpatia com o cliente e prestar um serviço de excelência”, são fundamentais segundo o formador.

Sara Arruda quer atingir o patamar de qualidade que lhe permita exercer a profissão em espaços de requinte e atingir a realização. “Cuidado com a imagem da mesa, saber se nada falta, prestar atenção ao cliente”, são tarefas que esta aluna leva a sério.

Fábio Miranda descobriu na área de Bar e Restaurante a realização que não encontrou na Cozinha. “O contacto com os clientes ajudou-me a perceber o que queria”, explica.

A formadora Marlene aponta uma reacção imediata nos alunos. “Recebemos imediatamente a gratificação dos alunos, expresso na sua vontade de melhorar e estar na cozinha”.

Porque educar é ajudar a crescer e a ver o mundo de forma válida, a Igreja está também presente nesta área. A escola, sem imposição de credos ou doutrinas, apresenta os valores, a ética, o humanismo como itinerário de crescimento.

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Agência ECCLESIA

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