Exposição revela Arquivo Secreto do Vaticano

100 documentos deixam pela primeira vez os confins do pequeno Estado para mostra em Roma, que inclui referências a Portugal

Roma, 29 fev 2012 (Ecclesia) – Os Museus Capitolinos de Roma acolhem, a partir de hoje, a exposição ‘Lux in Arcana’ (Luz no segredo, em latim), expondo pela primeira vez uma centena de documentos do Arquivo Secreto do Vaticano fora do pequeno Estado.

Entre estes, encontra-se a bula ‘Inter Coetera’ (1493), do Papa Alexandre VI, na qual se procedia à delimitação dos territórios descobertos por espanhóis e portugueses, posteriormente corrigida pelo Tratado de Tordesilhas (1494).

A mostra, aberta ao público até 9 de setembro, é organizada pelo próprio arquivo, por ocasião do quarto centenário da sua fundação.

Na exposição é possível encontrar documentos que vão do século VIII ao século XX e, segundo os seus promotores, será “talvez a única vez na história que vão passar as fronteiras da Cidade do Vaticano”.

Os visitantes têm a possibilidade de ver o códice do processo (1616-1633) do físico italiano Galileu Galilei; a excomunhão de Martinho Lutero (1520); a carta em que Celestino V fez a “grande recusa”, renunciando ao papado (1294); a carta ao parlamento inglês, de Clemente VII, sobre o casamento do rei Henrique VIII (1530) e o ‘Dictatus Papae’ de Gregorio VII (1073-1085), que estabelecia a primazia do poder do Papa sobre o poder político, um dos documentos mais antigos da mostra.

Os documentos referem-se ainda a personalidades como o compositor Wolfgang Amadeus Mozart, o presidente norte-americano Abraham Lincoln ou o imperador francês Napoleão Bonaparte.

O Arquivo Secreto do Vaticano tem um site próprio, www.archiviosegretovaticano.va, no qual é possível encontrar parte do espólio com mais de mil anos.

Ao longo de 85 quilómetros de estantes, distribuem-se mais de 630 fundos de arquivos diferentes.

O arquivo, nos moldes em que existe, nasceu por iniciativa de Paulo V, no século XVII, ainda que a sua história recue nos séculos, dado ter nascido, desde cedo, a tradição de os Papas guardarem a documentação que se referia ao exercício da sua própria atividade.

O documento mais antigo conservado no Vaticano é o ‘Liber Diurnus Romanorum Pontificum’, livro de fórmulas da chancelaria pontifícia do século VIII.

Este arquivo é gerido por 54 pessoas e pode ser visitado por qualquer investigador devidamente acreditado por uma universidade ou instituto cultural, sem distinção de credo.

A mostra multimédia ‘«Lux in Arcana» – O Arquivo Secreto do Vaticano revela-se’ (www.luxinarcana.org) é acolhida pelo Capitólio, edifício que alberga as autoridades municipais de Roma, e está aberta todos os dias, exceto às segundas-feiras, das 09h00 às 20h00.

OC

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