Investigadores de vários países reuniram-se em torno da iniciativa «Maria, uma Mulher entre o Humano e o Divino: Teologia, Cultura e Arte»

Évora, 28 out 2025 (Ecclesia) – Um simpósio internacional assinalou, no passado sábado, o 75º aniversário do Dogma da Assunção da Virgem Maria, reunindo investigadores provenientes de vários países, no Cine-Teatro de Florbela Espanca, em Vila Viçosa.
Promovida pelo Instituto da Padroeira de Portugal para os Estudos da Mariologia (IPPEM), em colaboração com o Centro de Estudos Globais da Universidade Aberta, a iniciativa intitulada “Maria, uma Mulher entre o Humano e o Divino: Teologia, Cultura e Arte” contou com duas sessões: uma dedicada à perspetiva teológica (manhã) e outra à cultura e à arte (tarde).
Segundo a organização, a jornada reuniu participantes oriundos do norte, centro e sul do país, que escutaram oradores de Portugal, Espanha e Roménia.
Após a sessão de abertura, o professor Juan Dura, da Universidade de Olvidius (Constança, Roménia), abordou as implicações teológicas do referido dogma numa perspetiva ecuménica, envolvendo não apenas o catolicismo, mas também a teologia ortodoxa.
“Sublinhou sobretudo o valor do corpo humano no cristianismo, não apenas numa dimensão escatológica, mas também na realidade quotidiana, e o modo como essa valorização desafia as sociedades atuais e a sua cultura hedonista”, destacou uma nota enviada à Agência ECCLESIA.
Outra das conferências foi conduzida por Ianire Angulo Ordorika, da Faculdade de Teologia de Granada, que refletiu sobre “Maria, mulher singular, na Bíblia”, mostrando a singularidade desta figura à luz dos dois evangelhos menos usados nas reflexões mariológicas, Marcos e Mateus.
“A sua reflexão ajudou a compreender melhor o título do simpósio: a mediação mariana entre o humano e o divino”, assinala a nota.
Ainda durante o período da manhã, a professora Maria Isabel Roque, da Universidade de Évora, apresentou a importância da festa da Assunção à luz de um influente documento do século XVIII, o Santuário Mariano de frei Agostinho de Santa Maria.
A tarde ficou marcada por várias conferências, uma delas orientada pelo professor Porfírio Pinto, da Universidade Aberta, que desenvolveu “A Assunção da Virgem Maria na Arte Portuguesa”, quer nas imagens de vulto, quer na pintura, no azulejo ou ainda no vitral.
Da mesma universidade, o professor Eduardo Franco mostrou como a doutrina assuncionista inspirou também vários carismas de congregações religiosas, ao mesmo título que outras doutrinas cristológicas ou mariológicas.
“A Senhora da Boa-Morte em Vila Viçosa: devoção e arte” foi um tema abordado por Carlos Filipe, presidente do IPPEM e investigador da Universidade de Lisboa, e, na última conferência do dia, o professor Marco Daniel Duarte, do Departamento de Estudos de Fátima e Cátedra dos Estudos de Fátima da Universidade Católica Portuguesa, tomou a palavra.
O diretor do Museu do Santuário de Fátima trouxe um estudo de caso, envolvendo a bandeira da União Europeia, acerca dos usos e significados da iconografia de inspiração mariana, mais concretamente a imagem apocalíptica da coroa de doze estrelas, utilizada na iconografia imaculista.
Na impossibilidade de estar presente, o arcebispo de Évora enviou uma mensagem ao simpósio internacional, dirigindo-se de modo particular a todos os participantes, evidenciando a importância e oportunidade do encontro promovido pelo IPPEM.
A Assunção de Maria é um dogma solenemente definido por Pio XII em 1 de Novembro de 1950, segundo o qual Nossa Senhora, no termo da sua vida mortal, foi elevada ao céu em corpo e alma.
LJ/OC



