Évora: Santuário da Senhora d’Aires reabriu após quatro anos de requalificação (c/ fotos)

«Na origem da Senhora d’ Aires não está uma lenda, está a fé», afirmou D. José Tolentino Mendonça, que presidiu à celebração

Viana do Alentejo, 15 mai 2021 (Ecclesia) – O cardeal D. José Tolentino Mendonça presidiu hoje à reabertura do Santuário de Nossa Senhora d’Aires, em Viana do Alentejo, valorizando o facto da Senhora da Piedade ser “uma imagem achada” que desafia a reencontrar as “fontes da esperança”.

“Deixo um desafio: tornem este santuário um lugar de vida, de renovação espiritual, tornem este lugar uma fonte onde se vem beber, no meio do calor da paisagem”, afirmou na homilia da Missa D. José Tolentino Mendonça.

O Santuário de Nossa Senhora d’Aires, situado em Viana do Alentejo (Arquidiocese de Évora), iniciou há quatro anos obras de requalificação, restauro e museologia, e reabriu as suas portas este sábado, no fim de uma Missa presidida pelo arquivista e bibliotecário da Santa Sé.

“É importante que esta restauração do templo de pedra seja um chamamento para restauração desse templo, desse santuário espiritual que são as nossas vidas”, disse o cardeal e poeta madeirense.

D. José Tolentino Mendonça referiu-se à ligação do Santuário da Senhora d’Aires às promessas de peregrinos, realizadas individualmente ou em contextos de pandemias, como a do século XVIII que está na origem da atual igreja ou a gripe espanhola no início do século XX, e invocou a imagem da Senhora da Piedade para pedir o fim da pandemia Covid-19.

Em declarações aos jornalistas, o cardeal Tolentino Mendonça disse que “os santuários têm essa grande missão serem focos de paz, lugares que chamam e onde é possível encontrar o silêncio, a serenidade, e o restabelecimento interior”

“Este santuário renovado e hoje de novo aberto tem essa grande função de ser um oásis interior na paisagem capaz de semear sementes de esperança”, afirmou.

Para o arcebispo de Évora, D. Francisco Senra Coelho, o Santuário da Senhora d’Aires é uma “erupção espiritual” que junta o alto e o baixo Alentejo, onde o povo e os peregrinos sentem a proteção de Nossa Senhora.

“Este povo, que muitas vezes vê a vida dura de todos os dias nos calos das suas mãos, experimenta o cansaço do trabalho de sol a sol e às vezes também o sal das suas lágrimas, sentiu-se acarinhado naquela Mãe”, disse o arcebispo de Évora em declarações aos jornalistas.

A devoção à Senhora d’Aires tem origem no século XV, quando um agricultor encontrou um pote de barro ao lavrar a terra e lá dentro a imagem Senhora da Piedade, “a Mãe a consolar o Filho”, lembrou o arcebispo de Évora.

D. Francisco Senra Coelho recordou as grandes peregrinações que se realizam ao Santuário da Senhora d’Aires: no último fim de semana de abril, a peregrinação dos cavaleiros, da Primavera, do “rebentar da vida, da Moita do Ribatejo até Viana do Alentejo, e último fim de semana de setembro, a “grande feira da alegria pela fecundidade da terra”, agradecendo a Nossa Senhora “pelo que o campo deu”.

Para o presidente da Câmara Municipal de Viana do Alentejo, Bernardino António Bengalinha Pinto, o dia da reabertura do Santuário é muito importante do ponto de vista da fé e da religiosidade, e também do ponto de vista cultural, que dá” mais um alento positivo par ao futuro e o desenvolvimento do Concelho”.

Rui Pão-Mole, que acompanhou as obras de requalificação do edifício, valorizou “recuperação integral dos ex-votos” e sublinhou a importância da Senhora d’Aires sobretudo para as populações do baixo Alentejo que visitam o Santuário “praticamente todos os dias”.

De acordo com um comunicado da Fábrica da Igreja Paroquial de Viana do Alentejo, o  investimento nas obras realizadas foi de 1.878.370.80 euros, repartido por três entidades: Alentejo 2020 (75% – 1.191.347,99€), Fábrica da Igreja Paroquial de Viana do Alentejo (12,5% – 198.558,00€) e Município de Viana do Alentejo (12,5% – 198.558,00€).

Foto Agência Ecclesia/PR

PR

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